Flávio Furtado esteve à conversa com Manuel Luís Goucha na emissão desta quarta-feira do vespertino da TVI. Visivelmente emocionado, o cronista social recordou o sofrimento pelo qual passou quando trocou os Açores, onde nasceu e cresceu, por Lisboa.
Flávio Furtado tinha 18 anos quando viajou, pela primeira vez, para o continente. “Cheguei a Lisboa e não conhecia ninguém”, lembrou. Acabou por ir a uma entrevista de emprego e foi imediatamente aceite. “Numa quinta-feira, recebi a notícia de que começaria a trabalhar na segunda… Sendo filho único, foi uma das decisões mais difíceis que tive de tomar na minha vida“, disse, com a voz embargada.
Logo depois, o ex-jornalista pediu “desculpa” aos pais por nunca os ter abordado com este assunto. “Ir ao aeroporto, antecipar um voo, ir na sexta-feira para os Açores… Sabendo que vou fazer sofrer os meus pais, sobretudo a minha mãe…”, lamentou, acrescentando: “Na sexta, vou aos Açores dizer que tenho de fazer as malas em dois dias e que, a partir de segunda-feira, vou viver para outro sítio.”
Sentiu que os abandonou? “Senti…”, desabafou, com os olhos marejados de lágrimas. “Tenho sempre a morte presente na minha vida. Todos os dias penso na morte. Os meus pais estão a envelhecer, eu estou a envelhecer… E eu, para realizar os meus sonhos, implica fazê-los sofrer. Foi uma decisão muito difícil…”, assumiu.
“Tenho a vida que quis, mas nem sempre foi assim”
Emocionado, Flávio Furtado explicou porque nunca falou com os pais sobre este assunto, revelando que a mãe, em tempos, o culpou de abandono. “Nunca tive a coragem de me sentar e dizer: ‘Fiz-te sofrer’. Sei que fiz. A minha mãe ligava-me todos os dias. Hoje ela não o faz mas, na altura, talvez fosse a defesa dela fazer uma certa chantagem emocional. Dizia-me: ‘Abandonaste-nos’. Na cabeça da minha mãe, eu já não precisava deles“, contou. “Hoje, sei que ela é orgulhosa de mim e que compreende tudo isto. Não havia noite em que não me deitasse e pensasse: ‘Estou aqui, eles estão lá…’”, prosseguiu, no programa “Goucha”.
Flávio Furtado admitiu ainda que teve de “esconder” dos pais “muitas coisas” pelas quais passou em Lisboa. “Hoje, tenho uma vida mais ou menos confortável, tenho o carro com que sempre sonhei, tenho a casa com que sempre sonhei, já viajei para onde me apeteceu… Tenho a vida que quis, mas nem sempre foi assim”, constatou o também comentador do reality show “Big Brother”, reforçando que nunca partilhou as dificuldades com os progenitores por não “os querer fazer sofrer”.
E exemplificou: “Cheguei a querer almoçar e dizer aos meus colegas: ‘Paga-me o almoço que eu esqueci-me da carteira’. Porque, o que que ganhava, era contado… Foram opções…”
Texto: Dúlio Silva; Fotos: reprodução TVI e redes sociais
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