Ljubomir Stanisic recorreu às redes sociais para fazer um longo e sentido desabafo em relação à covid-19, nomeadamente ao que a área da restauração está a sofrer com esta situação. “Vão comer aos restaurantes de bairro, aos estrelados, aos tradicionais, aos familiares, aos alternativos… Mas vão”, diz.
O Chef e dono dos restaurantes 100 Maneiras está cansado e frustrado mas não pretende baixar os braços. “Cansaço. Raiva. Frustração. Sinto isto tudo. Em março, fui uma das vozes que defendeu publicamente o encerramento dos restaurantes. Porque enfrentávamos pela primeira vez uma pandemia que não conhecíamos, não sabíamos exactamente como se propagava ou como nos poderíamos proteger. Porque a saúde e as pessoas tinham (têm) de estar primeiro. Até porque, sem elas, não existe sequer economia. Nos mais de dois meses que estivemos encerrados e desde então, tivemos tempo. Para aprender mais sobre o vírus, para definir regras para o funcionamento dos restaurantes salvaguardando trabalhadores e clientes, para estabelecer protocolos que nos permitem manter a economia a funcionar sem comprometer a saúde” escreve.
Ljubomir sublinha o facto de grande parte dos restaurantes seguirem à risca as normas impostas pela DGS. “A maioria dos restaurantes têm sido exemplares no cumprimento das regras. Cumprimos tudo o que nos recomendaram e pediam e fomos mais além. Falo por nós, 100 Maneiras, mas também pelos muitos restaurantes de colegas e amigos que vi reinventarem-se com uma capacidade de adaptação admirável. Os fins de semana são cruciais para a sobrevivência dos restaurantes. É preciso fazer alguma coisa, é certo, mas num momento em que os restaurantes serão provavelmente dos sítios onde as normas se seguem mais à risca, esta é uma medida com uma eficácia de que duvido muito e com um custo potencialmente letal para todos os que trabalham direta ou indiretamente neste sector”, afiança.
“São centenas de bocas que ficarão por alimentar”
Para terminar, o agora rosto da SIC garante que não se vai calar e aconselha a quem vive do mundo da restauração a fazer o mesmo. “São cozinheiros, copeiros, ajudantes, empregados de sala, escanções, hosts, administração, equipas de comunicação, pessoal da manutenção, mas são também os fornecedores, produtores, todos aqueles cujos produtos não encontrarão forma de ser escoados. São centenas de bocas que ficarão por alimentar. Bem sei que a restauração não é o único negócio afectado, que este é um momento duríssimo para todos. Mas permitam-nos fazer parte da solução. Não nos deixem para trás. Da nossa parte, o compromisso é absoluto. Só queremos sobreviver. Porque não é só da doença que se morre… Por isso, se puderem, vão comer: aos restaurantes de bairro, aos estrelados, aos tradicionais, aos familiares, aos alternativos… Mas vão. Não podemos ficar de braços cruzados a ver um sector morrer. Malta da restauração, façam-se ouvir!”, remata.
Foram centenas as mensagens deixadas na caixa de comentários por parte dos seguidores.
Texto: Joana Dantas Rebelo, Fotos: Redes Sociais
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