Rui Maria Pêgo
“Não tenho uma carreira na televisão por causa da minha mãe”

Nacional

Rui Maria Pêgo diz que o facto de ser filho de Júlia Pinheiro já o prejudicou no meio profissional

Seg, 02/11/2020 - 18:00

Rui Maria Pêgo, filho de Júlia Pinheiro, diz sentir-se “privilegiado” por ter nascido na família em que nasceu, no entanto admite que nem tudo é um “mar de rosas” e que ser filho de quem é já o prejudicou. “Atrasou-me na televisão porque não tenho uma carreira na televisão por causa da minha mãe (…) Tenho pena de não fazer mais televisão”, declarou em entrevista a Manuel Luís Goucha.

 

O filho de Júlia Pinheiro, que foi o convidado deste sábado, dia 31 de outubro, no programa “Conta-me“, da TVI, falou abertamente sobre a homossexualidade, revelando que agora, depois de se assumir publicamente, sente que “é mais verdadeiro”. “Quem não o faz vive em permanente falta. Vive numa mentira”, começou por dizer.

 

 

 

“A reação dos dois foi mais medo”

 

 

Rui Maria Pêgo tinha 19 anos quando contou aos pais sobre a sua orientação sexual, num momento difícil em que estava com o coração partido. “Estava muito triste e a minha mãe perguntou-me”. E desde então sentiu um enorme apoio dos pais, Júlia Pinheiro e Rui Pêgo, que, segundo o próprio, já sabiam muito antes dele ter contado. “A minha mãe disse que não havia problema nenhum. Teve o seu período de ajustamento, medo do que me aconteceria (…) A reação dos dois foi mais medo e irritação, por não ter dito mais cedo”.

 

 

 

O pior foi mesmo na escola, regida por valores mais conservadores, católicos e “betos”. “Vivi num contexto que em casa era livre, mas na escola não era”, disse. Apesar de até ser popular, por ser engraçado e filho de figuras públicas, Rui Maria Pêgo confessa que foi vítima de bullying: “sofri muito”. E atualmente ainda tem “marcas” desse passado. “Ainda hoje estou a tirar esses casacos e esses traumas. Ficam na pele. O corpo sabe o que fica la atrás”.

 

 

 

 

“Morria de medo que se soubesse”

 

 

O ator relembra que viveu muitos anos na dúvida, mas que “já achava alguma graça aos rapazes da turma”, apesar de ainda “não saber o que era” e desvalorizar, por considerar ser algo “pontual”. Após as primeiras experiências com homens, Rui Maria Pêgo viveu com medo: “Morria de medo que se soubesse. A adolescência é uma violência.”

 

 

 

Em 2016, após o atentado de Orlando, Rui Maria Pêgo comentou publicamente o assunto através de um texto nas redes sociais, em que aproveitou para “sair do armário” e assumir a sua homossexualidade. Na altura, este assunto fez correr muita tinta, algo que o animador já estava a premeditar, mas que o afetou à mesma. “Foi difícil, mas penso que fiz as coisas bem. É muito estranho sair à rua e toda a gente saber. Esta coisa meia estúpida de que toda a gente sabe e está a falar sobre isso…e não está!”.

 

 

Rui também confessou ter “medo” de ser despedido do seu posto de trabalho na época, como animador da Rádio Renascença, por ser uma emissora católica e mais conservadora. Porém, nada disso aconteceu e o filho de Júlia Pinheiro mostrou-se “grato” por toda a aceitação.

 

 

Texto: Inês Borges; Fotos: DR

 

 

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