Júlia Pinheiro foi vítima de bullying na infância e adolescência e fez questão de contar a sua história esta terça-feira, 20 de outubro, data em que se assinalou o Dia Mundial de Combate ao Bullying. Esta não foi a primeira vez que a apresentadora da SIC falou sobre este assunto, no entanto, desta vez, revelou mais detalhes sobre o sofrimento que viveu.
«Há cerca de dois anos, na apresentação do programa Júlia, revelei um lado mais sombrio da minha infância. Acabei a primeira classe sem saber ler nem escrever. O que me terá proporcionado, desde cedo, a sensação de ser diferente. E nessa altura da nossa vida, ser diferente não é bem-vindo. Quando, na verdade, mais tarde descobrimos que somos todos diferentes», começou por escrever no seu blogue.
«O meu percurso académico foi feito mais a solo. Hoje valorizamos o “sopas e descanso”. Mas na escola, estarmos rodeados dos amigos mais populares é que é fixe. Na adolescência, estava muitas vezes sozinha. E, pior, sentia-me efetivamente sozinha, o que me tornou uma presa fácil. Fui vítima de bullying e sujeita a várias humilhações», contou.
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«Provocações e insultos»
Júlia Pinheiro explicou, no mesmo texto, as razões que poderão ter levado os seus colegas a este tipo de comportamento: «Fui discriminada: era muito alta para a idade. Era magra. Acrescentaram-se ainda razões políticas. Em pleno PREC, 1975, a minha família possuía um negócio bem sucedido e conhecido na minha comunidade. Por esse motivo e, nos fervores da revolução, fui insultada na escola com palavras, cujo o significado me escapava. Gritavam o meu nome bem alto e adjetivavam com provocações e insultos. Está resolvido, mas não me esqueço».
«Fui humilhada. Num tempo em que não havia redes sociais e semelhantes formas de agravar esta perseguição. Hoje, pelo meu sofá, já passaram outras vítimas, as quais eu ‘salvaria’, se estivesse nas minhas mãos e ao meu alcance. Resta-me contar e partilhar as histórias, na esperança de que todos estejamos mais atentos aos sinais de uma situação que é preocupantes nas escolas e devastadora para as vítimas», escreveu ainda.
Esta terça-feira, foram revelados dados sobre esta situação em Portugal: 65% das crianças com obesidade sofre de bullying na escola e a pandemia da Covid-19 pode vir a agravar esta situação. «Junto-me ao grito de alerta que é preciso fazer ecoar junto da população mais jovem: Insultos, alcunhas e comentários inapropriados discriminatórios cometidos contra crianças não são comportamentos aceitáveis», concluiu a apresentadora da SIC.
Texto: Patrícia Correia Branco; Fotos: Reprodução redes sociais
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