Ricardo Carriço não contém as lágrimas ao falar do pai, que «era um tipo engraçadissímo, mas que não esteve muito presente» na sua vida. E da mãe, o seu grande amor.
O ator esteve este sábado à tarde, 10 de outubro, sentado no sofá de Conta-me e ‘abriu’ o coração a Fátima Lopes. Emocionou-se ao falar da família. Do pai ausente, da mãe matriarca «com um coração do tamanho do mundo» e a contar a história do avô Casério.
«O meu pai era muito centrado no seu universo», diz Ricardo Carriço
«O pai Zeca era um tipo engraçadíssimo mas, ao mesmo tempo, filho e neto de filhos únicos. Em termos práticos quer dizer que era concentrado no seu universo, para além de ser uma pessoa muito divertida e um extraordinário comunicador… Mas não esteve muito presente na minha vida», começou por dizer.
«Reconheci o meu pai mais tarde. Aos 18 anos, saímos os dois. E eu quis perceber a cabeça dele. E estivemos os dois a conversar durante uma data de tempo. E a partir daí criou-se uma cumplicidade boa, saudável, e percebi muita coisa da cabeça dele. Que eu aceito. As coisas boas e as más. Mas, sobretudo, que eu as aceito, porque é meu pai», confidenciou.
As lágrimas caem-lhe depois, quando Fátima Lopes lhe pergunta pela mãe Elisa. «A minha mãe é uma matriarca. E tem um coração do tamanho do mundo. A minha mãe é a nossa âncora. Sempre foi. É uma força da natureza, de sorriso constante. E quem a conhece fica apaixonado por ela. É uma grande mulher», disse o ator.
«Ela alguma vez sentiu a necessidade de explicar a ausência do pai?», questionou a apresentadora e Ricardo Carriço confessou, com tristeza na voz: «Nós crescemos no dia a dia, vivíamos juntos, portanto, só não percebia quem queria.»
«Olhou para mim, disse: “vai a casa trocar de calças.” E fechou-me a porta na cara», conta Ricardo Carriço
Ricardo falou da influência que os avós tiveram na sua vida. E contou uma história que o marcou até hoje, com o avô paterno.
«O avô Casério, dizíamos que era o nosso avô inglês, porque andava sempre impecavelmente bem vestido, com uma coleção de chapéus extraordinária e de sapatos. Era uma referência. Não me recordo de ver o avô Casério sair de casa, por exemplo, de casaco de malha. Sempre de fato completo, às vezes de três peças, com a sua bengala, com o seu chapéu ou guarda-chuva», começou por explicar.
«Foi das primeiras pessoas que me disse: “Ricardo, um cavalheiro tem de andar sempre com os sapatos bem engraxados e de cabelo penteado. E houve um dia – em que se usava, era moda, as calças rasgadas – que ia almoçar lá a casa. Chego de blazer, camisa e de caças rotas e sapatinho. Conforme abriu a porta e olhou para mim, disse: “vai a casa trocar de calças.” E fechou-me a porta na cara. E eu fui a casa, trocar de calças e voltei. Estava tudo à minha espera para almoçar», contou, divertido.
«Na cabeça dele, aquilo era uma questão de respeito. Eu aparecer na casa dele com umas calças rotas, era uma falta de respeito. Aquilo não fazia sentido na cabeça dele», disse.
Texto: Inês Neves; Fotos: Instagram e D.R.
Siga a Revista VIP no Instagram