Nuno Bastos
Cantor português lança álbum com participação especial de Zeca Pagodinho

Nacional

Nuno Bastos já cantou, por diversas vezes, no Brasil: «Aconteceram algumas coisas engraçadas, como dizerem, em tom de brincadeira, que eu não era português e que era tudo uma estratégia de marketing.»

Dom, 30/08/2020 - 16:00

Tiago Nacarato encantou os portugueses quando interpretou o tema Onde Anda Você, de Vinicius de Moraes e Toquinho, na Prova Cega da quinta temporada do programa The Voice, da RTP1 (acabando por virar as quatro cadeiras dos mentores). Mas desengane-se quem acha que o jovem artista é o único em Portugal a ter um sotaque português do Brasil perfeito. Apresentamos-lhe Nuno Bastos, que acaba de lançar o seu novo álbum, Coração Em Desalinho – Os Sambas de Ratinho, pela prestigiada produtora brasileira Biscoito Fino.

O cantor, natural da cidade de Estarreja, já atuou várias vezes do outro lado do Atlântico e agora orgulha-se de poder contar com a participação especial de Zeca Pagodinho, um dos nomes mais conhecidos do Samba, no seu disco. Juntos, cantaram Amigo, Conselho Não é Sermão. 

Veja aqui o vídeo oficial:

Estivemos à conversa com Nuno Bastos, que nos falou um pouco mais sobre a sua carreira. 

VIP – Com que idade começou a cantar e quando é que percebeu que a música brasileira era a «sua praia»?

Nuno Bastos – Eu comecei a cantar com cerca de 11/12 anos, mas só aos 17 é que comecei a cantar samba, tanto numa banda como na Escola de Samba Vai Quem Quer. A partir desse momento, senti que era isso que queria fazer. Era o estilo musical com o qual me sentia bem e me identificava.

O seu sotaque português do Brasil roça o perfeito. Quando atuou no Brasil, como foram as reações de quem o assistia?

Nas vezes em que estive no Brasil e tive a oportunidade de cantar, a recetividade foi sempre excelente e carinhosa. Recordo-me que quando me apresentavam em algum sítio como «o português», as pessoas ficavam curiosas e expectantes para saber como me sairia, mas depois a reação era excelente. Posso dizer que cantei em alguns dos locais mais exigentes, e fui super bem acolhido e respeitado, tanto por outros artistas como pelo público. Aconteceram algumas coisas engraçadas nessas apresentações, como dizerem, em tom de brincadeira, que eu não era português e que era tudo uma estratégia de marketing… ou chamarem-me de «brasileiro falsificado». 

Como tem sido para si, enquanto artista, trabalhar numa altura em que nos deparamos em plena pandemia da Covid-19?

O ano estava a correr muito bem, com bastantes espetáculos e com a perspetiva de lançar o novo disco em abril, tanto no Brasil como em Portugal. No início do mês de março fiz o meu último concerto e tive que parar por completo. Foi angustiante, porque para além de não poder trabalhar, surgiram todas as dúvidas em relação ao disco, em que tudo o que estava planeado e previsto deixou de ser viável ou possível de realizar. Com toda a incerteza que se vive ainda no Brasil em relação à pandemia, acabámos por arriscar e fazer agora o lançamento nas plataformas digitais. O concerto de lançamento será em setembro, de modo a levar este trabalho por todo o País e outros países da Europa, com o desejo de também o poder mostrar e divulgar em solo brasileiro. Algo que acontecerá assim que seja possível. 

Fale-nos então um pouco sobre este álbum.

Este disco é uma homenagem a Alcino Correia, também conhecido como Ratinho, que é um compositor que nasceu em Portugal mas que foi levado para o Brasil muito novo. Ele acabou por se revelar um compositor de mão cheia, parceiro de nomes como Zeca Pagodinho, Monarco, Mauro Diniz e responsável por êxitos como Coração em Desalinho, Vai vadiar, entre muitos outros. Dedico-lhe este album, por sermos dois portugueses que adotaram o samba como a sua pátria musical.

Texto: Ivan Silva; Fotos: reprodução Instagram 

 

 

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