O próximo ano será crucial para o ramo do alojamento. Até lá, ou até que exista uma vacina produzida em massa, os alojamentos terão a difícil tarefa de atrair hóspedes sem abdicar dos seus padrões de qualidade, nem comprometer a segurança dos seus clientes.
Vejamos algumas das mudanças que podemos esperar nos próximos tempos.
Check in digital
O cliché de ter na receção um(a) rececionista sorridente para o(a) receber pode deixar de ser uma realidade em alguns hotéis.
Embora alguns hotéis já utilizassem métodos de check-in automáticos antes da pandemia, esta prática tem vindo a crescer entre os hotéis. A cadeia de hotéis Viceroy já a utiliza a Alexa, da Amazon, para efetuar o check-in e providenciar informação sobre o quarto, minimizando assim o contato com outros humanos. E de que serve todo este procedimento se no final tem de tocar numa chave/cartão físico para abrir a porta? Não, não tem! A cadeia Hilton, por exemplo, possui uma aplicação para smarphone capaz de sincronizar-se com a fechadura e de abrir a porta do quarto através de um código virtual! Esta inovação não é
É provável que os funcionários dos hotéis sejam deslocados para outras tarefas, nomeadamente para medir da temperatura dos hóspedes com termómetros infravermelhos e garantir o cumprimento do protocolo de distanciamento social.
Dito isto, não é de todo expectável que seja recebido por robots em todos os hotéis, dadas as dificuldades financeiras que enfrentam. Mas ainda assim prepare-se para encontrar cada vez mais formas automatizas para efetuar o check-in.
Novos protocolos de limpeza
A limpeza é um dos aspetos mais valorizados pelos viajantes ao escolher um alojamento. Agora, perante esta nova realidade, os hotéis terão de esforçar-se ainda mais para conquistar a confiança dos clientes com protocolos de limpeza rigorosos.
A limpeza dos espaços comuns, salas de reuniões, entre outros espaços públicos será forçosamente mais frequente. Os locais mais propensos ao toque, tais como interruptores, maçanetas ou comandos de televisão serão alvo de limpeza frequente e rigorosa. Um pouco por todo o mundo os países veem criando diferentes programas com o objetivo de transmitir segurança aos hóspedes e viajantes, como é o caso do selo Clean & Safe em Portugal.
O alojamento local é fortemente afetado pela necessidade de medidas de segurança. O conhecido site de alojamentos, airbnb, impõe um programa de aprendizagem e certificação aos anfitriões que inclui um período de “quarentena” de 24 horas entre a troca de hóspedes, o que significa que um alojamento estará disponível menos dias que o habitual. Esta medida poderá levar a que os anfitriões estabeleçam períodos mínimos de estadia mais alargados, de modo a não perder demasiados dias.
A recuperação da confiança dos consumidores é uma jornada longa, mas não será descabido afirmar que as questões sanitárias estarão no topo das preocupações dos consumidores nos próximos tempos.
Entretenimento
Em termos de entretenimento tudo depende da localização do hotel.
No caso de Las Vegas, hotéis como o The Venetian receberam um número de hóspedes muito superior ao esperado após o confinamento, uma vez que as pessoas voltaram em força – a maioria sem máscara – para jogar no casino Palazzo, cansadas de jogar em casinos online durante o período de confinamento.
Por outro lado, alguns países (como por exemplo Espanha) decidiram manter medidas de distanciamento social rigorosas, que permitem apenas formas de entretenimento ao ar livre, com a utilização de máscara e com uma distância de segurança de dois metros. No caso de Espanha, o resultado destas medidas traduziu-se num nível baixo de reservas, mesmo após a abertura das fronteiras a 21 de junho.
O mais provável será encontrar algo entre estes dois exemplos extremos. Os eventos realizar-se-ão com lotação reduzida e medidas de segurança rigorosas. Com a chegada do outono ao hemisfério norte em setembro, nem todos os eventos terão condições para realizar-se ao ar livre, pelo que os hotéis terão de encontrar soluções para realizar eventos no interior.
Comida e bebida
Os apreciadores dos buffets ficarão dececionados, embora não surpreendidos com as mudanças. Os locais self-service constituem um dos locais com maior risco de contaminação e o recurso a este tipo de prática é desencorajado nos próximos tempos. A existência de utensílios partilhados, tais como talheres e jarros e, principalmente, a comida não coberta podem potenciar a propagação do vírus. Ao comer no hotel, o mais provável é ser servido individualmente por um funcionário.
As mesas, cadeiras e toalhas serão desinfetadas após cada utilização. Pequenos objetos como os frascos do sal e da pimenta serão igualmente desinfetados ou substituídos por doses individuais. Os funcionários que preparam e servem a comida seguirão medidas sanitárias rigorosas, nomeadamente a utilização de máscara e luvas. No fundo, não será assim tão diferente do que costuma assistir num restaurante.
E quanto ao minibar no quarto? Embora o risco de contágio através das bebidas do minibar não seja muito diferente de outras situações já mencionadas, muitos hotéis estão a suspender o minibar, pelo menos nos moldes habituais. O mais provável é que tenha de pedir as suas bebidas através do serviço de quartos e um funcionário as deixará na sua porta devidamente seladas. Este procedimento já foi implementado em alguns hotéis e a tendência é generalizar-se.
Novas regalias e oportunidades
A batalha para recuperar clientes já começou e já são visíveis algumas ofertas da parte dos hotéis.
Além dos preços promocionais por noite e outras ofertas óbvias, muitos hotéis estão a proporcionar condições mais vantajosas nos seus programas de fidelidade. Os hotéis oferecem aos seus clientes fidelizados a extensão do seu estatuto por um ou dois anos e a creditação de pontos extra pelas estadias como forma de convencer os clientes a efetuar uma reserva. Outras pequenas regalias, tais como o upgrade do quarto mediante disponibilidade, champagne à chegada e pequenos presentes de boas vindas serão cada vez mais utilizadas para que os clientes sintam vontade de voltar.
Se por um lado a pandemia trouxe uma onda de desemprego, é igualmente verdade que fez surgir um conjunto de novas empresas talhadas para a nova realidade. No mercado do alojamento local, a plataforma airbnb tem sido alvo de críticas pela forma ineficiente como lidou com o confinamento. Consequentemente, muitos anfitriões juntaram-se e construíram os seus próprios sites para arrendamento (como por exemplo o zeevou.direct) , o que pode levar a uma queda dos preços, quer pela concorrência ou simplesmente pela cobrança de taxas mais favoráveis que as cobradas pela airbnb.
Uma coisa é certa: a sua estadia num hotel nunca mais será igual. Os hotéis e alojamentos locais têm a responsabilidade de proporcionar todo o conforto para atrair o cliente e a necessidade de garantir as condições de segurança para que possam continuam a exercer a atividade.
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