Miguel Sousa Tavares, 67 anos de idade, é um dos nomes incontornáveis no jornalismo em Portugal, mas houve alturas em que não tinha dinheiro para comer.
O também editor e comentador da TVI, esteve à conversa com Manuel Luís Goucha, esta segunda-feira de manhã, 1 de junho, no Você Na TV!, onde falou sobre a política, liberdade, os filhos, o início de carreira e os pais, entre outros temas.
Direto e sem paciência para o politicamente correto, Miguel Sousa Tavares assume que não teve um inicio de carreira fácil, ou melhor, assistiu a coisas com as quais não concorda e que por isso não subiu na carreira tão rapidamente como outros colegas. Iniciou a sua carreira na RTP em 1978. Foi nessa altura que o jornalista admite que não estava bem financeiramente, mas que não foi por isso que se deixou influenciar.
«Não tinha dinheiro para comer, é verdade, não tinha dinheiro para comer sobremesa quando estava na RTP. Pagava a pensão de alimentos aos meus filhos e nunca falhei. Eu vi fulano a subir encostado ao PSD, outro fulano a subir encostado ao PS, e também vi encostado ao PCP. Nunca me deixei ir. Podia tê-lo feito, mas não fiz», diz o também autor de conhecidos livros como Equador e Ilha das Flores.
Miguel Sousa Tavares admite que por não se deixar influenciar acabou por perder contratos de publicidade que lhe podiam pagar uma casa, quando precisava pois havia uma divisão onde caíam pingos de chuva. «Se aceitasse teria revolvido, mas não», assume que recebei ordens de pessoas que não tinham qualificações para o fazer. «Com as televisões privadas (SIC e TVI) consegui a minha liberdade monetária», partilha.
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O papel de pai
Miguel Sousa Tavares é pai de Martim, Pedro, que vive em Bruxelas e de Rita, que vive em Toronto. Manuel Luís Goucha perguntou-lhe se desempenhou bem o seu papel de pai.
Depois de uns breves segundos de silêncio, sorriu. «Não sei. Acho que fiz o que pude. Nas alturas difíceis nunca falhei, nas fáceis nem sempre estava quando devia ter estado. Mas consegui duas coisas boas, torná-los boas pessoas e torná-los pessoas livres», sublinha explicando de seguida o que entende por boa pessoa. «Uma boa pessoa é alguém que tem carácter, não mente, não são desleais e são frontais», diz.
Miguel Sousa Tavares assume-se um homem sem fé religiosa e explica no que acredita. «Não sou homem de fé, sou da esperança. Se algum dia precisar eu não vou confiar ar na fé, prefiro confiar em mim. Um bom banho de mar, um dia de sol, uma sardinhada, os meus filhos, os meus amigos, uma página bem escrita», afirma, explicando o que lhe faz bem.
Filho da escritora Sofia de Mello Breyner Andresen e do advogado Francisco Sousa Tavares, Miguel assume que os pais lhe deixaram uma herença pessoal riquíssima. «O meu pai deu-me liberdade e justiça e a minha minha ensinou-me a olhar», diz explicando que não é um peso ser filho quem é.
O jornalista assumiu ainda que deixará a carreira de jornalismo em breve. «Em breve vou por fim à minha carreira de jornalismo e vou dizer que foi muito bom e que tive o privilegio de começar a minha carreira quando havia liberdade», termina.
Texto: Ana Lúcia Sousa; Fotos: DR e Redes Socias
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