Pedro Barroso não quis deixar de lado a sua ajuda numa altura de pandemia da Covid-19, em que muitas pessoas, nomeadamente as mais velhas, precisam de ajuda acrescida. O ator tornou-se, assim, embaixador do projeto Vizinho Amigo, que visa «oferecer ajuda aos vizinhos mais velhos» no que toca à recolha e entrega de medicamentos e alimentação.
O projeto, apresentado este sábado, 18 de abril, no programa Estamos Aqui, da SIC, conduzido por Alexandra Lencastre, foi criado em março pelo jovem Martim Ferreira e já conta com mais de 5500 voluntários.
«Neste confinamento que nos é pedido, eu senti que queria fazer algo mais e fui fazer uma pesquisa básica no Google: voluntariado Covid. Descobri este projeto do “Vizinho Amigo”, portanto eram duas da manhã quando eu mandei mensagem. Com alguma ansiedade e necessidade de fazer algo mais. Acho que foi isso que mexeu comigo. Foi sentir que poderia fazer algo mais neste momento, para além do muito que é tu estares em casa», começa por contar o ator.
«Esta relação de amizade que nós conseguimos criar com as nossas avós enche-me o coração»
A acompanhar diariamente Pedro Barroso está Tomás Carolino, também ele voluntário, que considera que «ser “vizinho amigo” é muito mais do que ir às compras, é criar laços de amizade com muitos idosos e muita pessoas que precisam de ajuda e, neste momento, estão isoladas em casa». «Esta relação de amizade que nós conseguimos criar com as nossas avós – nós já somos considerados os “netos do Restelo” – é muito positiva e para mim , confidencia o jovem.
Para Pedro Barroso este projeto, que é restrito à zona de Caselas, em Belém, é uma forma de retribuir todo o carinho e cuidado que foi recebendo por aqueles que cuidaram de si em criança. «Nós crescemos aqui. É uma forma de eu dar de volta a todas as pessoas que cuidaram de mim, nos meus tempos de infância, porque aqui eu cresci de uma forma muito saudável também. Houve muita gente e muitas mãos que estiveram disponíveis para me ajudar, e isto fez-me um sentido maior, poder dar este retorno à vida e que é, realmente, preciso neste momento», afirma.
«Sou o Pedro “vizinho amigo” que mora próximo»
São várias as “avós” que tanto Pedro como Tomás visitam diariamente e para o ator é giro constatar que, até ao momento, a sua identidade como cara conhecida da televisão não foi praticamente revelada, isto porque surge sempre de máscara e está «com mais barba».
«Acho que a única que, realmente, conseguiu desvendar até agora foi a avó Isilda. E desvendou só à segunda vez. Há ali um momento de encanto mas, na verdade – e é isso que eu gosto, esta normalidade – eu gosto de ser só o Pedro. E, às vezes, é um bocado difícil. Eu sou o Pedro que está ali a entregar, sou o Pedro vizinho amigo que mora próximo e, que na verdade, estabeleço aqui este laço de confiança», acrescenta.
«Estes jovens sentem prazer em estar a prestar um serviço aos outros, serem úteis aos outros. Graças a eles a minha sobrevivência está assegurada», refere Isilda Gonçalves, uma das idosas ajudadas.
«Pensei que estava sozinha no mundo»
No segundo episódio do programa da SIC, é possível acompanhar Pedro e Tomás numa entrega de bens alimentares a Teresa Ferraz, depois de os recolherem num supermercado próximo. Assim, rechearam a dispensa desta “avó” que não pode sair de casa.
«É uma mais valia a vossa existência porque a pessoa deixa de ficar tão abandonada. Fica mais confortável. Pensei que estava sozinha no mundo. E soube muito bem perceber que existem e que qualquer coisa posso ligar. É tranquilizante ter alguém que nos vem trazer aquilo que precisamos», confidenciava a “avó”.
«As expressões mudam, a oscilação das emoções é grande»
«Eu fui criado pelos meus avós, talvez por isso tenha aqui um olhar diferente sobre esta geração mais velha. E isso também é um dos fatores que me move porque sei que as necessidades são outras e mantê-los em casa é aquilo que é essencial», diz o ator.
Para Pedro este é um tempo em que «as expressões mudam», em que «a oscilação das emoções é grande» e em que este projeto traz «um lado de carinho, esperança». «Muitas vezes não é só com as compras mas é este porto de abrigo que nós representamos. Muitas vezes é só para falarem, terem uma voz amiga do outro lado e é este elo de confiança que me faz todo o sentido», termina.
Texto: Marisa Simões; Fotos: Divulgação SIC
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