Coronavírus
O relato arrepiante do jornalista da TVI infetado com Covid-19

Nacional

Jornalista da TVI conta, detalhadamente, quais os sintomas que sentiu e como reagiu à situação

Ter, 31/03/2020 - 16:30

Pedro Jorge da Cunha sentiu na pele o que é viver com a doença que anda a atormentar o mundo. O jornalista desportivo da TVI 24 acusou positivo no teste da Covid-19, juntamente com a mulher, Catarina, e conta como viveu toda a experiência, na primeira pessoa.

Na crónica quinzenal Chuteiras Pretas, do site Mais Futebol, Pedro Jorge da Cunha relata que, ao início, teve apenas sintomas ligeiros. «No início pareceu-me tudo benigno. Leves dores musculares, cansaço generalizado, peso na cabeça. Nada que o paracetamol não fosse capaz de resolver. De 16 a 18 de março, os sintomas não passaram disto. Fui aguentando, pensando que ‘a mim não acontece nada’ e que o dia a seguir seria melhor. Ou menos mau», começa por dizer.

Passado quatro dias surgiram os «primeiros arrepios» e «avisos de febre»: «como se o alarme orgânico tivesse disparado e alertado o meu instinto de sobrevivência». 

«Ao mesmo tempo que eu suportava a pior ‘gripe’ da vida, a minha esposa também geria os próprios sintomas»

«Dos 37,5 passei em 24 horas para 39,2 graus. Se algum médico me tivesse dito nessa altura que eu tinha contraído malária, acreditem que me pareceria um diagnóstico verosímil. Nunca me senti tão quente, tão suado e ao mesmo tempo com tanto frio no meu corpo. Adormeci dezenas de vezes com o som dos dentes a tiritar. Ao mesmo tempo que eu suportava a pior ‘gripe’ da vida, a minha esposa (um beijo, Catarina, vamos ultrapassar isto) também geria os próprios sintomas». Acontece que a mulher apresentava sintomas diferentes: dor de garganta e tosse. A perda de olfato afetou os dois.

«Perdemos completamente o olfato, ao ponto de deixarmos de pressentir as fraldas sujas dos nossos gémeos de dois anos e meio. Brutal, não? Ao quarto dia de febre recebi a visita de um médico. Receitou-me o paracetamol de sempre e um antibiótico (amoxicilina) para combater a infeção respiratória que identificara na auscultação. Céu, Ciência, amuletos da sorte e mezinhas das avós, a tudo nos agarrámos. Resultou. Principalmente a parte da Ciência, digo eu», refere.

Aos poucos, a febre foi finalmente baixando, mas não sem antes «encharcar os lençóis da cama durante três noites seguidas». O jornalista conta que teve «pesadelos» e «tremores gelados», classificando esta doença desconhecida como «veneno».

Pedro Cunha fez o despiste da Covid-19 através do Serviço Nacional de Saúde (SNS), já a sua esposa recorreu a um laboratório privado. No dia 26 de março, quando achavam que esta luta já tinha terminado, perceberam que «os problemas ainda não tinham acabado».

«O lado do sofrimento e incerteza pelo que fazemos e sentimos, é um inferno muito particular»

«Devido a uma troca de identidade no envio do resultado, ficámos primeiro a saber que o diagnóstico era Negativo e, horas mais tarde, Positivo. Contingências de uma era absolutamente anormal, mas inaceitáveis num Estado de Direito», explica. O jornalista ficou imediatamente em alerta e repensou em todos os comportamentos que teve durante as horas em que acreditou estar negativo à Covid-19.

«A nossa preocupação imediata foi perceber se teríamos cometido algum lapso comportamental ou contagiado alguém. Esse lado, o do sofrimento e incerteza pelo que fazemos e sentimos, é um inferno muito particular». Em direto esta manhã (dia 31 de março) na TVI 24, Pedro revelou que nesse período foi a casa dos pais para lhes entregar algumas coisas e, apesar de ter tomado todas as medidas, ficou preocupado com o risco de contágio.

Já em «franca recuperação», o co-autor do livro A História dos Campeonatos do Mundo de Futebol refere: «está a ser a maior guerra da minha vida, uma guerra que nunca pensei ser possível travar». 

O comunicador esclarece que não faz ideia do local ou da pessoa que o possa ter contagiado e garante que cumpriu, do início ao fim, as regras decretadas pela Direção-Geral de Saúde. «Nem assim fomos capazes de enganar este inimigo invisível.Estamos há 18 dias em casa e por aqui continuaremos. Não facilitem, não julguem que isto é um resfriadinho que só apanha os mais velhos. Tenho 41 anos, faço desporto três vezes por semana e não fumo. Na passada semana senti-me um moribundo à espera da Extrema Unção», remata, aconselhando as pessoas a ficarem em casa.

Pedro Jorge da Cunha, futebolista federado de 1989 a 2015, trabalha no Mais Futebol desde 2006.

Texto: Inês Borges/ Fotos: DR

 

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