Perante a pandemia de coronavírus que está a deixar o mundo apavorado, Catarina Furtado não esquece os refugiados e, com tristeza, lamenta o facto destes estarem em «último plano» na agenda.
Esta quarta-feira, 18 de março, a apresentadora da RTP, que está em casa a cumprir o isolamento social, fez uma videochamada com Sónia Araújo e Jorge Gabriel em direto no programa Praça da Alegria e fez questão de explicar aos telespectadores da estação pública a forma como estão a ser tratados os refugiados devido à Covid-19.
«A minha enteada Maria regressa hoje de um campo de refugiados na ilha de Samos, na Grécia, onde eu fiz várias reportagens para os Príncipes do Nada. Ela vem porque, devido a esta pandemia, o governo Grego decidiu acabar com todos os apoios às ONG’s. O que significa que aquelas pessoas que já nada tinham e cuja esperança estava completamente adiada, apesar de tudo tinham o apoio das ONG’s, e neste momento não têm nenhum apoio», começou por explicar.
«Os voluntários das ONG’s de todo mundo são obrigados a vir embora o quanto antes, até porque as fronteiras começam a fechar. Portanto, os refugiados ficam ainda mais esquecidos, mais remetidos para um lugar qualquer, como se não fossem gente… Se há algum caso de pandemia nestes campos, as pessoas morrem todas», continuou.
«Se o coronavírus chegar ali, é um fósforo que não vai parar de arder»
Catarina Furtado contou que tem recebido algumas notícias dos campos de refugiados da Grécia, que servem de «porta de entrada» destas vítimas de guerra para a Europa, e revelou que há «um pânico muito grande» que assenta nestas populações. «Eles sabem que a pandemia existe e sabem que se o coronavírus chegar ali, é um fósforo que não vai parar de arder.»
Revoltada, a apresentadora considera «triste» os refugiados não estarem nas agendas mediáticas e não serem um assunto prioritário a necessitar de soluções.
«Se houvesse vontade, havia mais soluções. Continuam a vir refugiados numa tentativa de encontrar uma Europa melhor. Continua a existir a expectativa de que a Europa vai ter espaço e recebê-los de braços abertos e aquilo que está a acontecer, devido à pandemia, é que cada vez se fecha as fronteiras. Por um lado percebe-se, por outro…. É este o mundo que temos. Há uma coisa que a minha enteada me confessou agora, quando decidiu comprar o bilhete para regressar. Todos eles [refugiados] dizem: «Se estivesse no teu lugar, também ia. Vai, Maria. Vai-te embora.» É comovente. Têm muita humanidade apesar de tudo», terminou.
Texto: Mafalda Mourão; Fotos: D.R.
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