Mágoa. É o que Diogo Carmona sente em relação à mãe, Patrícia Carmona, de quem está de relações cortadas e em disputa judicial. Existe mesmo uma ordem de afastamento, feita pelo tribunal, entre mãe e filho. As acusações são mútuas e envolvem, alegadamente, roubo e violência.
O ator, que sofreu uma amputação de parte da perna esquerda após ter sido colhido por um comboio na Linha de Cascais, deu, esta sexta-feira, dia 7 de fevereiro, uma entrevista a Júlia Pinheiro a contar a sua versão dos factos. O jovem, de 22 anos, diz estar com problemas em arranjar uma prótese devido a dívidas que existem com o Estado em seu nome e que não cometeu.
O dinheiro desaparecido
Na entrevista, Diogo Carmona insiste na raiz do problema entre mãe e filho: o dinheiro que o ator ganhou desde os cinco anos, altura em que começou a representar, e que nunca viu. «Eu lembro-me de abrir a minha conta, aos cinco anos, e aos 18 ir ver a minha conta e não tinha nada. O fundo que eu andei a trabalhar durante tanto tempo não estava lá. Isso foi devastador a nível pessoal, a nível interior. […] Senti-me desiludido, traído, e depois, obviamente, que começaram a haver conflitos. Eu comecei a ficar – eu não quero dizer a palavra deprimido porque é um bocado forte – mas estava um bocado mal. Não estava bem comigo e com as pessoas à minha volta por causa daquilo que estava a acontecer. E isso causou uma data de problemas», admite.
O jovem conta ainda que a mãe lhe terá pedido autorização para usar o dinheiro para uma renda, mas apenas «uma vez». «Nunca houve uma conversa em relação a isso, nunca houve. Porque a minha mãe não consegue. Não há resposta para isso», refere.
Atualmente, Diogo e Patrícia Carmona não se falam. «Não temos relação nenhuma. Depois do meu acidente a minha mãe foi-me visitar ao hospital, mas já não existe uma relação. Acho que, se calhar, nunca houve. É o problema.»
O ator, que teve problemas psiquiátricos, conta ainda que foi se voluntariou para ser internado. «Esta espiral toda – eu não gosto de lhe dar este nome mas conspiração que achava que estava a haver contra mim da parte da minha família – Fizeram com que eu andasse mais introspetivo, mais retraído. Isso fez com que a minha mãe achasse por bem eu ir a uma consulta de psiquiatria e então deu-se, com a minha vontade, o internamento psiquiátrico», conta.
«Naquele momento não precisava daquilo porque veio trazer mais problemas. Fiquei muito revoltado. Acho que na altura com 18 anos eu não tinha a noção daquilo que estava a acontecer», acrescenta.
Diogo Carmona refere que deixou de confiar nas pessoas. «Eu sofri de ansiedade. […] Depois houve uma fase em que eu não consegui confiar em ninguém. Isso foi um dos maiores problemas que eu tive e se calhar foi isso e é isso que os médicos veem em mim. Porque ainda hoje acham que eu não consigo confiar, mas eu já estou muito melhor nesse aspeto. Isto foi uma fase, aos 18 anos, aos 19, quando fui internado. Entretanto, não tive mais problemas a nível de psiquiatria, isso não voltou a acontecer», garante.
Carmona esclarece ainda que o atropelamento por um comboio foi um acidente e não uma tentativa de suicídio. «Infelizmente, estava no sítio errado à hora errada. Costumava passar naquele sítio várias vezes. O mais importante é que estou com vida e estou agora aqui».
A prótese e as dívidas
Para voltar a recuperar a mobilidade, Diogo Carmona espera uma prótese, que está «complicada» devido a dívidas que o ator diz ter em seu nome e que, garante, não contraiu, nomeadamente um carro que existem em seu nome e que nunca viu.
«A situação está complicada porque existem problemas a nível das Finanças comigo que eu não fiz, que não tenho mão […] E que isso está a ser o entrave para a prótese porque a prótese há-de ser comparticipada pelo Estado, pelo menos fiz esse requerimento. Eu tenho uma dívida às Finanças que não fui eu que fiz. São multas, é um carro em meu nome que eu não tenho».
Júlia questiona Carmona se a relação com a mãe ainda tem volta. «Não, porque existe uma ordem de afastamento até, da parte do tribunal, que eu não posso aproximar-me da minha mãe. Não faz sentido. Parece que estão a reverter as coisas contra mim. O crime que houve está a tentar ser revertido contra mim. Estão a tentar ver se eu é que fico culpado. E isto é um bocado grave. […] Estou preocupado com o que pode vir a acontecer.»
A versão de Patrícia Carmona: «É no seio familiar que as coisas devem ser tratadas»
Patrícia Carmona, mãe de Diogo, defendeu-se também em entrevista a Júlia Pinheiro para a SIC. A chorar, frisou, mais uma vez, estar preocupada com o bem estar do Diogo.
«Há coisas que não posso falar por questões legais e, acima disso, o que me preocupa, como sempre preocupou, é o bem-estar do Diogo. Não há aqui um ataque da minha parte, nunca, nem haverá ao meu filho. As coisas que existem, infelizmente, aconteceram. Há sede própria para o tratar. É no seio familiar que as coisas devem ser tratadas. Eu também não quero estar com o meu filho em tribunal. Tive de me cruzar com ele», diz.
«O que eu quero é abraçá-lo, como sempre quis. Eu não estou com ele porque não me deixam. Ele não pode estar comigo, se ele quer é diferente», continua.
«Um dia talvez se fale mas eu acho que isso não é importante», promete, dizendo que ama o filho incondicionalmente. «Ele sabe o amor que eu lhe tenho e que nunca vou deixar de ter. E estou onde eu puder estar por ele, sempre, incondicionalmente.»
Texto: Marisa Simões e Ricardina Batista; Fotos: Impala
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