Um ano e meio depois o mistério em torno do desaparecimento de Zé do Pipo pode estar prestes a ser desfeito. O Ministério Público e a Polícia Marítima recorreram a testes de ADN para apurar se o corpo encontrado em avançado estado de decomposição numa praia no concelho de Mafra pode pertencer ao cantor.
O MP insiste em apurar mais pormenores e testemunhos no caso do desaparecimento do cantor, de 40 anos, que foi visto pela última vez de 5 para 6 de novembro de 2018, em Peniche.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou ao Correio de Manhã que «foi determinada a realização de um exame pericial para comparação do ADN recolhido ao cadáver encontrado» a 20 de novembro de 2019 na praia da Calada, na Encarnação, Mafra. Foi também recolhido ADN dos familiares do artista.
Até à data não há mais qualquer informação sobre o assunto. O site da revista Maria contactou Luís Martins, o ex-agente do cantor, que garantiu não saber de nada.
Zé do Pipo saiu para ir à farmácia e ao banco
Zé do Pipo, nome artístico de Nuno Batista, desapareceu em novembro de 2018, junto à praia de Peniche, onde foram encontrados a viatura e os documentos. As buscas pelo artista terminaram e nunca se chegou a saber o que aconteceu.
O processo em tribunal descreve que Zé do Pipo saiu de sua casa, na aldeia do Vau, em Óbidos, pelas 14h de dia 5 de novembro. Terá dito à mulher que ia ao banco e à farmácia e, a seguir, nunca mais ninguém soube do seu paradeiro. Duas horas depois, a mulher ligou-lhe, mas o aparelho já estava desligado. A família começou a procurá-lo primeiro em Óbidos, onde vivia, depois em Peniche, na zona dos pais.
Desaparecido desde 5 de novembro de 2018
Ao início da tarde do dia 5 de novembro do ano passado, Nuno Batista saiu de casa, dizendo que ia ao banco e à farmácia. A última vez que foi visto foi na praia Portinho da Areia Azul, em Peniche. O homem que dava vida a figura ao conhecido cantor popular Zé do Pipo não voltou a ser visto. O artista tinha sido diagnosticado com «bipolaridade muito avançada», sofria de depressão e dizia, «a toda a hora, que ia atirar-se ao mar».
«Chegou a dizer à mulher [Celeste] que, se um dia o fizesse, era para ela o perdoar. E deixou de ter intimidade com a família, deixou de lidar com a família. Dizia diretamente à família que não sentia nada por nós, pela vida», contaram os pais do cantor, Carlos e Rosa, no início deste ano, em entrevista a Manuel Luís Goucha.
Passaram-se precisamente 12 meses desde aquele dia e o sentimento permanece. «Sabemos que ele se matou», reafirma agora, ao site da revista Maria, o agente de Nuno Batista. «Não há confirmação, mas todos sabemos porque era o que ele dizia a toda a gente que ia fazer. Todos os que lhe são próximos sabemos disso. Este assunto, para nós, está mais do que encerrado. Para nós é para mim, para a mulher, para os pais. Desde o início que é um assunto encerrado», reforça Luís Martins.
Mulher está «conformada»
A mulher do cantor está, também desde o início, «conformada com a situação», acrescenta o agente. E os filhos – David, de 17 anos, e Gabriel, de 4 – também «sabem que ele se matou». «Está toda a gente mentalizada com o que aconteceu. Repito: ele dizia que o ia fazer a toda a hora», sublinha.
Celeste, David e Gabriel tentam agora fazer a sua vida «normal». «É natural que, de vez em quando, se fale do assunto. Mas não andamos sempre a abordá-lo», acrescenta Luís Martins, optando, porém, por não falar sobre como viveram os filhos de Nuno Batista ao longo deste último ano: «O que é que quer que eu lhe diga? Olhe… não quero falar sobre isso», terminou.
Reportagem exclusiva
Como é que nunca foi encontrado nenhum vestígio? Porque é que o telemóvel, que estava desligado, voltou a ligar-se à meia noite do dia do desaparecimento? Porque é que nunca mais foram dadas informações sobre a investigação? Estas são algumas das questões a que a Nova Gente tentou responder numa reportagem sobre Zé do Pipo. A revista falou em exclusivo com o pai do cantor, Carlos Batista, em Peniche, bem como com o Comandante da Capitania do Porto de Peniche, Fernando Fonseca.
Veja aqui o vídeo.
Recorde-se que a morte de Zé do Pipo só poderá ser declarada quando houver um corpo ou passados dez anos do desaparecimento.
Texto: Ana Lúcia Sousa, Carla S. Rodrigues e Ana Filipe Silveira; Fotos: reprodução redes sociais
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