Marina Mota, de 57 anos, foi a convidada do programa Conta-me Como És, da TVI, deste sábado, dia 21 de dezembro. A atriz integra o elenco da próxma novela da estação de Queluz de Baixo, que se chama Vitória.
«A minha família não é grande, mas é grande em amor», começa por revelar a Fátima Lopes.
«Era maria-rapaz porque gostava de subir às árvores, parti várias vezes a cabeça por ser irrequieta. Essas memórias boas ainda as guardo, porque hoje já não se veem tantas crianças a brincar na rua», diz.
«Comecei a fumar com dez anos. Não façam isto», alerta.
Na família de Marina Mota não havia ninguém ligado às artes. «Se podermos considerar que ensaiar marchas populares é uma arte… o meu pai era ensaiador de marchas. Ia muitas vezes com ele, cheguei a ser mascote em algumas. Também adorava fados, mas não, não havia ninguém na minha família ligado às artes», conta.
A atriz começou a cantar «a brincar», mas os vizinhos diziam que ela «cantava muito bem». «Comecei a cantar nas tasquinhas onda havia Fado Vadio e no Grupo Desportivo da Mouraria», revela.
Com apenas 10 anos, gravou o primeiro disco. «Ganhei um concurso de fado. O júri era, de facto, uma coisa inacreditável: Alfredo Marceneiro, Maria da Fé, Ada de Castro [a sua madrinha artística]… era um júri de muito respeito!»
Marina Mota cantou nos Estados Unidos da América com apenas 11 anos
«A primeira vez que fui aos Estados Unidos da América cantar, tinha 11 anos. No mesmo ano fui duas vezes lá e ao Canadá, para cantar para a comunidade portuguesa. Brasil, Bélgica, foi o que se seguiu», atira. «Adorava. Não senti nada a ficar para trás. Aquilo para mim era um hobbie, como hoje em dia é para uma criança ir para o ballet. Não queria fazer daquilo profissão, mas era algo que gostava muito de fazer no meu tempo livre. Era muito boa aluna, as minhas notas eram ótimas, nunca chumbei. Conciliava tudo muito bem.»
Marina Mota garante que «não escolheu a profissão, ela é que a escolheu, em todas as áreas»: «Convidaram-me para ser atração numa revista do Parque Mayer. Não fui para o Teatro para ser atriz, fui para cantar Fado. Já tinha nove anos de carreira, na altura.»
«Aconteceu numa altura, e curioso, em que o Fado era a canção menor, maltratado. Mais ou menos à semelhança do que acontece com o teatro de revista, do qual eu faço parte. Portanto, acho que é uma coisa cármica, eu fazer parte das coisas menores, que são do povo, e que um dia mais tarde reconhecem que afinal até são boas demais», lamenta.
A divertida atriz, revela que vai «ser fadista até morrer, mesmo que já não cante».
Marina Mota teve uma tuberculose pulmonar
A certa altura, Marina Mota foi surpreendida por uma amiga, Rosa Vieira: «Foste um dos maiores presentes da minha vida no teatro. É público que a Marina teve um problema de saúde que, aliás, foi aqui detetado, quando estávamos a fazer uma revista. Ela tinha umas mudanças muito rápidas, para vir para o palco e não foi fácil, nada fácil vê-la a pedir-me: ‘Rosinha dá aí papel, Rosinha dá aí papel.’ Dei-lhe papel, a Marina limpava a boca para ir para palco. Nunca tinha visto ninguém sacrificar-se assim em prol da profissão. Quero morrer velhinha, junto a ti!»
Marina Mota teve uma tuberculose pulmonar em 1985: «Tínhamos dois espetáculos todos os dias, de terça a domingo. No fim de semana, tínhamos três. O que ela se estava a referir, do papel, foi porque eu tive hemoptises [eliminação de sangue do trato respiratório pela tosse]. Tinha que limpar o sangue para cantar. Se não o fizesse, não havia espetáculo.»
«Perguntavam-me porquê»
Fátima Lopes quis saber o que é que o público dizia a Marina Mota no período em que não esteve a trabalhar em televisão. «Perguntavam-me porquê. De não ‘entrar’ em casa deles todos os dias como era hábito. Foi quase uma década a fazer televisão todos os dias. De repente, deixei de aparecer. Não que tenha ficado inativa, lá está, continuei sempre a fazer teatro», começa por explicar.
«Não me lembro de estar um ano sem trabalhar. Nunca aconteceu. Aconteceu foi ter uma fase de muita visibilidade e, de repente, deixei de aparecer. Estranhei, senti até alguma revolta, porque não percebi. Mas depois… acho que faz parte», continua.
A atriz foi mãe aos 20 anos. Erika, assim se chama a filha, é fruto do casamento já terminado com Carlos Cunha. Sobre a família, não tem dúvidas: «Estar longe é uma coisa que eu não suporto.»
O «marido» de Marina Mota e os filhos não biológicos
João Baião também deixou uma bonita mensagem para a amiga. «Amo-te João Baião. O meu ‘marido’. Fazíamos de marido e mulher na última peça, portanto é o meu marido», atira Marina Mota, às gargalhadas.
António Calixto, o primeiro filho não-biológico da artista, também foi desafiado pela produção do programa: «Amo-te muito minha mãe», disse. «O António era um menino que ia ao teatro, aos bastidores, porque o pai gostava muito. Não sei o que aconteceu à mãe dele, mas sei que ela existe. Ele começou a chamar-me mãe e a ter um comportamento de filho. Assim ficou até hoje. E tive outro, o Tó-Zé, que é, dos meus filhos não biológicos, o unico que já não está aqui, foi embora antes do tempo. Ainda hoje a mãe dele, a Glória, diz o ‘nosso filho’. Tenho alguns filhos não biológicos. Uns seis. Entraram todos assim na minha vida. Nunca adotei crianças, mas naquela fase era importante que eu estivesse lá», revela.
«Vou gostar muito de ti até ao fim da vida»
Ainda houve tempo para Carlos Cunha deixar a ex-mulher sem palavras: «Quando te conheci, no teatro, achei-te peneirenta. Não o eras. Já eras uma grande profissional naquela altura. Apesar de te estares a estrear em teatro, já trabalhavas há muitos anos. E claro, depois foi bom para ti, porque aos 19 anos casaste-te com um rapaz muito giro. O rapaz que não podia contigo ao colo para tirar uma fotografia. Estivemos casados 14 anos, mas agora continuamos casados, mesmo divorciados. És importante para mim por várias razões. Gostamos muito um do outro. Vou gostar muito de ti até ao fim da vida. Gostava que tivesses um teatro, para mostrares a muita gente como se faz. Se me sair o Euromilhões ofereço-te um teatro!»
Texto: Ivan Silva; Fotos: reprodução Instagram e Impala
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