Bebé sem rosto
O drama das mães que também foram acompanhadas por Artur Carvalho

Nacional

Artur Carvalho, foi suspenso pelo Conselho Disciplinar da Ordem dos Médicos, depois de Rodrigo, o bebé sem rosto, ter nascido sem olhos, nariz e uma parte do crânio. Ana, Vanessa e Carla são três mães que foram acompanhadas pelo mesmo médico e falam agora sobre o assunto

Seg, 02/12/2019 - 20:00

Artur Carvalho, chefe de serviço de obstetrícia e ginecologia do Hospital de Setúbal há 29 anos, foi suspenso preventivamente até seis meses pelo Conselho Disciplinar da Ordem dos Médicos, depois de Rodrigo – conhecido por bebé sem rosto – ter nascido a 7 de outubro, sem olhos, nariz e uma parte do crânio. No entanto, o médico soma processos de negligência, casos arquivados, e já tem mais de 10 queixas na Ordem dos Médicos. Ana – que prefere não dar a cara –, Vanessa Carla cruzaram-se pelos piores motivos: foram vítimas de alegada negligência médica por parte de Artur Carvalho. Pedem agora «justiça» e que «ninguém se esqueça» dos seus filhos, relatando as suas histórias ao Portal de Notícias.

Vanessa e Ana só descobriram as malformações dos filhos após o parto

Simão, filho de Ana, nasceu a 29 de março de 2010 com malformações no ânus, bexiga, pénis, coluna e ancas. Diana, filha de Vanessa, veio ao mundo a 10 de janeiro de 2016 sem ânus, vagina e tinha aquilo que os médicos pensaram ser espinha bifída, mas os exames mais recentes revelaram tratar-se de uma medula ancorada que pode levar ao «colapso do único rim que ela tem».

Ecografias «não duravam mais do que 10 minutos»

Ambas só descobriram as malformações dos bebés depois do parto. Até então, a gravidez correu sempre bem e os relatórios das ecografias mostravam que estava tudo normal com o feto. «Rápidas, sem grandes explicações e sem durarem mais do que 10 minutos.» É desta forma que Vanessa descreve as consultas que teve com Artur Carvalho. «Cheguei a perguntar à minha avó, que me acompanhava nas ecografias, se era normal ser tão rápido».

«Foram os meus familiares que me contaram o que se estava a passar»

Diana nasceu às 34 semanas no Hospital Garcia de Orta, em Almada. Nada previa um parto prematuro. «Entrei no hospital às 7 da manhã, e a minha filha nasceu às quatro da tarde de cesariana. Pensava que tinha perdido o líquido amniótico, mas a bolsa nem estava ‘estoirada’. A Diana não tinha mesmo líquido algum».

Vanessa levou anestesia geral na cesariana e, por isso, não tem memórias do parto. «Foram os meus familiares que me contaram o que se estava a passar. Quando acordei não havia médicos, porque estavam em mudança de turnos. A primeira vez que falei com um foi para assinar um termo de responsabilidade para a minha filha ser operada. Disseram-me que a Diana podia estar em risco de vida e que aquela cirurgia era fundamental.» Viu a filha três dias após a operação. «Fizeram-lhe uma colostomia que, supostamente, seria um procedimento de alguns meses, mas a verdade é que durou dois anos».

Ana não apresentou queixa contra o médico, a conselho de uma advogada

Na altura, não apresentou queixa contra Artur Carvalho, a conselho de uma advogada. «Disse-me que era uma perda de dinheiro e de tempo.» Ana Cabral também não processou o médico quando o filho nasceu. «No tribunal disseram-me que o médico tem o direito de errar uma vez na vida.»

Leia aqui o artigo na íntegra

 

Texto: Carla S. Rodrigues e Jéssica dos Santos | WIN; Fotos: Zito Colaço

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