Esta terça-feira, dia 5 de novembro, um bebé recém-nascido foi encontrado pelas 17h30 por um sem-abrigo, num caixote do lixo, na zona do Beato, em Lisboa. O bebé ainda tinha vestígios do cordão umbilical e foi deixado «sem proteção, sem qualquer roupa ou agasalho», tal como revelou a PSP.
O caso está a chocar o País e esta sexta-feira foi detida uma mulher, de 22 anos, suspeita de ter abandonado o recém-nascido. A mulher foi identificada e detida por «fortes indícios da prática de homicídio qualificado, na forma tentada, vitimando uma criança do sexo masculino, recém-nascido, seu filho».
Nos últimos dias, os portugueses têm questionado os motivos que levam uma mãe a abandonar um filho desta forma e qual será o futuro da criança.
O site da VIP esteve à conversa com o médico psiquiatra José Francisco Matos para tentar esclarecer algumas destas dúvidas. «O abandono deve-se, possivelmente, às condições sociais e financeiras, pode estar relacionado com problemas de adição, como drogas ou álcool, ou até mesmo devido a alguma doença ou distúrbio do foro psíquico», começou por revelar, acrescentando que não se sabe os motivos ao certo e que cada caso é um caso.
Caso a mulher seja condenada por homicídio qualificado, vai ter de cumprir pena de prisão, onde, segundo José Francisco Matos, poderá ter dois tipos de acompanhamento: «Tudo depende da doença psiquiátrica: se existir dependência de drogas, esquizofrenia ou, por exemplo, uma perturbação da personalidade, vai ser mais difícil de resolver e vai precisar de acompanhamento psiquiátrico; se o motivo do abandono forem condições sociais e financeiras, talvez psicologia.»
«Vai ser muito difícil compreender a atitude»
Questionado sobre se existe a possibilidade desta mãe voltar a ver o filho, o médico psiquiatra tem algumas dúvidas: «Tudo depende de como a vida evoluir. Mas, provavelmente, o filho, quando souber, vai sentir muita revolta para com a mãe… Vai ser muito difícil compreender a atitude.»
«Se a criança foi inserida num ambiente saudável, com amor, o momento de dizer a verdade tem que ser muito bem escolhido e acautelado. De preferência quando for quase adulto, mas mais do que a idade, tem que ser o momento certo. Ele tem que estar estável. É que ser entregue a uma instituição é uma coisa, ser deixado num contentor é outra. No entanto, não se sabe o que levou a mãe a fazer isto, sozinha, mas não acredito na aceitação», acrescentou.
José Francisco Matos frisou ainda que podem existir consequências psicológicas neste menino quando for revelada a verdade e, por isso, reforça a importância de escolher o momento certo. «Todo o equilíbrio é fulcral para o futuro desta criança e vai determinar a forma como vai encarar a verdade.»
VEJA AINDA: Marcelo Rebelo de Sousa agradece a Manuel, o sem-abrigo que encontrou o bebé no lixo.
Texto: Mafalda Mourão; Fotos: D.R. e Redes Sociais
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