Queria ser jornalista, mas acabou por seguir a profissão do pai. Cristina Rodrigues tem 50 anos e uma vida recheada de sucessos. É a cabeleireira de Cristina Ferreira e, recentemente, penteou a princesa Tatiana da Grécia, em Portugal. A hairstylist fala do seu percurso profissional e da sua relação com a apresentadora da SIC.
VIP – Como é que chegou até a Cristina Ferreira?
Cristina Rodrigues – Conheci a Cristina no dia em que fui convidada para ir ao programa Você na TV! para falar sobre um penteado que se faz com um ferro de modelar. A partir daí passei a ser convidada para ir ao programa com alguma regularidade, para falar de temas relacionados com o cabelo e também apresentar sugestões de cortes e penteados. Desde aí que estou ao lado da Cristina.
Como é tratar do cabelo dela?
Tratar do cabelo da Cristina é, para mim, a maior honra, mas também uma grande responsabilidade por ser uma das maiores personalidades portuguesas. Às vezes, ainda fico nervosa. Estou a lembrar-me do dia da estreia d’ O Programa da Cristina, na SIC. Foi o dia em que, a menos de uma hora do programa começar, me entregou a responsabilidade de lhe cortar o cabelo curto! Era um look que ela nunca tinha feito, sabia que tinha de ser diferente, que tinha de ser especial e que ela tinha de gostar ao ponto de lhe transmitir a confiança necessária. Estamos a falar de um programa em direto, em que não há margem para grandes erros. Este era o meu pensamento antes de começar a cortar. Envolvida no entusiasmo que se vivia naquela sala, tentei concentrar-me o melhor que pude e comecei a cortar! No final, tudo terminou bem e foi um sucesso!
A Cristina é uma mulher que gosta muito de mudar de visual?
Costumo dizer que uma mulher segura de si não tem medo de mudar e a Cristina é um bom exemplo disso. Confesso que esta última mudança de visual me assustou um pouco por ser uma mudança muito radical no momento que era, mas a Cristina tem sempre um plano B e tranquilizou-me dizendo: “Não te preocupes que se eu não gostar penteamos para trás e fazemos um look molhado.”
Ela costuma saber o que quer?
Sim, a Cristina é uma pessoa muito atenta à moda e costuma saber tudo o que é relacionado com tendências de roupa, maquilhagem, sapatos, etc… Até porque toda a gente sabe que ela tem uma loja de roupa e também as suas próprias marcas.
Aceita com facilidade as suas sugestões?
Aceita muito bem as sugestões e dá as suas próprias sugestões. Como qualquer outra pessoa, gosta de estar bem e de sentir bonita!
Já se arrependeu de algum corte ou coloração que lhe tenha feito?
Não, nunca!
A Cristina é uma mulher exigente?
É tão exigente como muitas outras mulheres que recebo todos os dias no meu salão. Gosta que o trabalho seja bem feito e essa é também a minha motivação. Gosto de desafios e de me superar todos os dias e sei que a Cristina valoriza essa entrega da mesma forma, para com todos os profissionais que trabalham com ela.
Com tantas mudanças de visual, tintas e produtos o cabelo de Cristina Ferreira não sai danificado?
O cabelo da Cristina é um pouco sacrificado sim, não tanto pelas mudanças de visual ou produtos, mas porque tem de ser trabalhado todos os dias com o secador e ferros de modelar. Para minimizar os danos, uso todos os dias protetores de calor e produtos de recuperação da fibra. A Cristina também faz um bom tratamento em casa, o que ajuda bastante.
Quando é que descobriu a sua paixão por cabelos?
Desde muito cedo. O meu pai tinha um cabeleireiro de homens, por isso eu cresci neste meio e sempre tive um fascínio enorme por tesouras, escovas e secadores. Desde muito nova que o meu pai me confiou o seu cabelo.
Há quantos anos trabalha?
Já trabalho há tantos que quase já perdi a conta! Lembro-me de o meu pai me dizer muitas vezes que eu tinha imenso jeito e que devia ser cabeleireira e de eu lhe responder sempre: “Pai, eu nunca vou ser cabeleireira! Esquece.” Agora percebo que era só para o contrariar. “Eu quero é ser jornalista”, dizia eu. E estudei nessa vertente, mas acabei por desistir. Nessa altura, vivíamos tempos difíceis e, nesse momento, pensei que devia dar ouvidos ao meu pai e pedi para ir tirar o curso de Cabeleireira, mas, infelizmente, o dinheiro não abundava. E, por isso, a minha mãe, que sempre fez tudo por mim e pela minha irmã, teve de vender o seu carro para me poder pagar o curso. Sempre com a certeza de que o primeiro dinheiro que ganhasse seria para devolver à minha mãe, lá fui tirar o curso de Cabeleireira! E já lá vão mais de 30 anos neste ramo!
Fale-nos um pouco do seu percurso profissional?
Depois de tirar o curso cá em Portugal fui trabalhar com o meu pai. Dividimos o salão dele: ele atendia homens e eu senhoras. Passado algum tempo senti que queria um pouco mais e abri o meu próprio espaço. Lá fui trabalhando e, entretanto, surgiu uma oportunidade de ir a Londres fazer um curso. A partir daí foi todo um mundo que se abriu! Sempre que podia lá ia eu para Londres fazer cursos. Sempre tive muita vontade de aprender, sempre gostei de fazer tudo bem feito e se decidi ser cabeleireira tinha de ser a melhor! Frequentei as melhores e mais conceituadas academias como a academia Sasoon. Tenho também dois salões, um de senhora e outro de homens.
Se não tivesse sido cabeleireira que profissão teria seguido?
Provavelmente, teria sido jornalista… Mas nunca se sabe. Eu gosto muito desta área da beleza e houve uma altura que pensei fazer o curso de Estilismo, mas disseram-me que tinha de saber desenhar e acabei por não avançar.
Como é que foi a sua infância?
Sou natural de Castelo Branco, mas vim para Lisboa com poucos meses de vida. A minha infância foi passada em Lisboa. Apesar das dificuldades todas por que passámos fui muito feliz. Passava muito tempo a brincar com amigos, na altura brincava-se muito na rua, não havia perigo nenhum. Passávamos o tempo a imitar uns contos que se liam muito naquela época sobre quatro jovens aventureiros e um cão, os Cinco, e às vezes lá nos metíamos em trabalhos! Mas tudo fazia parte da aventura.
Que recordações guarda dessa altura?
Uma das melhores recordações que tenho da minha infância eram as férias de verão, que passava numa colónia de férias em Colares, na Praia Grande. Todos anos passava 15 dias nesse sítio mágico que ficava no alto da encosta rochosa da Praia Grande, em Sintra.
É casada e tem filhos?
Sou casada. O meu marido foi e ainda hoje é o meu maior apoio. É ele que gere os salões. Desde o início do meu percurso profissional, esteve sempre ao meu lado, mesmo quando tive, e por vezes ainda tenho, de viajar para tantas partes do Mundo, quase sempre sozinha para ir trabalhar ou ter formação, ele está sempre lá para me dar apoio. Temos uma filha adorável, a Filipa, que tem 28 anos. A Filipa não quis seguir as pisadas da mãe e decidiu escolher outro percurso. Optou por ser farmacêutica.
Qual o segredo para um bom corte?
Para se ter um bom corte temos de ter em conta alguns aspetos importantes: o formato do rosto; o sentido do crescimento do cabelo; o comprimento do rosto e a distância entre crescimento frontal do cabelo e as sobrancelhas. Depois desta avaliação e depois de decidirmos qual o corte de cabelo mais adequado, procuramos a melhor técnica. No final, o corte deve ser sempre revisto secção por secção e depois do cabelo seco é, mais uma vez, aperfeiçoado de modo a ser personalizado ao rosto de cada pessoa. Para manter o corte e ter o cabelo com um aspeto saudável, deve-se cortar as pontas todos os meses, no caso dos cabelos curtos e, no caso de cabelos compridos, o tempo entre cada corte não deve ultrapassar os dois meses.
Quem é que gostava de pentear?
Não tenho assim ninguém em especial que gostasse de pentear. Gosto muito de conhecer pessoas e este trabalho é extraordinário nesse sentido. Sou surpreendida muitas vezes quando penteio pessoas das quais tinha uma imagem na minha cabeça e que depois, quando as conheço, são completamente diferentes. Estou a lembrar-me da princesa da Grécia – penteei a princesa para o aniversário do companheiro do Valentino aqui em Lisboa e estava supernervosa! Não a conhecia e era a primeira vez que penteava uma princesa a sério! Correu tudo tão bem que acabámos no quarto dela e da mãe a escolher a roupa e a tiara para usarem nessa noite e a mãe acabou por levar uma tiara que eu tinha comprado numa loja de bijuteria e que ela adorou! Mas um dos meus maiores sonhos era poder trabalhar, um dia, num filme do Tim Burton! Aqueles universos que ele cria e aquelas personagens fascinam-me!
Que cuidados é que devemos ter para manter o cabelo saudável?
Devemos ir com regularidade ao cabeleireiro, cortar as pontas ou fazer um bom corte – não há nada pior do que manter um cabelo comprido todo danificado ou espigado. Devemos fazer tratamentos de hidratação e/ou recuperadores da fibra capilar, conforme o estado do cabelo. É fundamental acompanhar os tratamentos feitos em salão, com bons produtos de uso diário em casa. Devemos tratar do nosso cabelo da mesma foram como tratamos a nossa pele!
Texto: Carla Vidal Dias; Fotos: José Manuel Marques; Produção: Elisabete Guerreiro.
Siga a Revista VIP no Instagram