Foi com emoção que Filomena Teixeira ouviu as palavras que Manuela Eanes lhe dirigiu durante a apresentação do seu livro. “Estes anos foram anos de muita luta, e continuam a ser de muita luta, mas principalmente de muita resistência. Luto para resistir a não esmorecer perante as adversidades”, confessa à VIP, Filomena Teixeira. “Emocionou-me bastante ouvi-la referir-se a mim da maneira que se referiu”, continua a mãe de Rui Pedro, a criança desaparecida há 21 anos, que viu a sua persistência ser elogiada pela antiga primeira-dama, e que agradeceu também a sua presença no lançamento. “Conheço a doutora Manuela Eanes há muitos anos. Ela acompanha a minha luta há vários anos e temo-nos encontrado na Assembleia da República sempre no Dia Internacional das Crianças Desaparecidas (assinalado a 25 de maio). Ela tem-me acompanhado sempre. Aliás, criei a Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas e ela sempre me apoiou e sempre me recebeu com a generosidade que todos lhe conhecemos e com o apoio moral e toda a sua influência que são incontornáveis”, referiu Filomena, lembrando a associação que criou em 2007 com familiares e outros pais de crianças desaparecidas, com sede em Lisboa.
Visivelmente emocionada, Filomena Teixeira revela: “Não queria morrer sem saber do meu filho.” No entanto, as adversidades “são muitas” e para viver o seu dia-a-dia, a mãe de Rui Pedro continua a precisar de ajuda. “Continuo a ter acompanhamento psicológico e, infelizmente, ainda preciso de antidepressivos e vou continuar a precisar o resto da minha vida, se o meu filho não aparecer, entretanto”, continua a explicar esta mulher, que não esconde a fragilidade em que vive. “É uma luta diária. Costumo dizer que me levanto e digo: ‘É mais um dia, vamos ver como é que ele vai decorrer’”, adiantou.
Nesta luta, Filomena conta também com o marido, e pai de Rui Pedro, Manuel Mendonça. “Ele apoia, estamos lado a lado, mas de maneiras diferentes. Temos uma maneira diferente de encarar a luta pelo nosso filho, mas é claro ele apoia como pai”, diz Filomena, reconhecendo que por lutarem há 21 anos contra o facto do filho ter desaparecido e nada saberem dele “é muito violento” na vida de um casal. “O que aconteceu abalou a nossa relação e é por ele que nós continuamos juntos”, reconhece Filomena, que é também mãe da médica Carina Mendonça, especialista em Psiquiatria e Saúde Mental, e a irmã mais nova de Rui Pedro.
Texto: Célia Esteves; Fotos: Nuno Moreira
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