Decidido, focado e trabalhador, Rui Patrício, de 31 anos, tem o mesmo sonho desde criança: «ser jogador profissional de futebol». É guarda-redes titular da seleção nacional, desde 2012, mas tudo começou na rua, quando ainda era um menino.
«Sempre fui responsável e nunca dei preocupações aos meus pais», começa por contar a Daniel Oliveira, quando fala da infância. Hoje em dia, o guarda-redes gosta muito de ouvir música antiga porque é uma forma de regressar ao «passado» e «sentir o que sentia, na altura».
O futebol sempre foi palavra de ordem por decisão sua. Os pais nunca o pressionaram e o jogador sente que fez sempre o que era correto. «Os meus pais nunca me pressionaram. Hoje existe cada vez mais pressão e é por isso que os miúdos, aos 18 anos, desistem do futebol», diz.
«Era mais difícil para eles do que para mim»
Viveu em Leiria até aos 12 anos, altura em que vai viver para Lisboa com outras crianças para jogar no Sporting. «A distância da minha família foi o mais difícil, tanto que chegava a pensar: ‘será que vale a pena estar aqui?’ Agora, olhando para trás, é bom ver que, às vezes, temos mesmo de passar por momentos menos bons», confessa.
O maior sacrifício que os pais de Rui Patrício fizeram por ele foi «deixar um filho de 12 anos ir atrás de um sonho». «Era mais difícil para eles do que para mim. E eles deixaram-me lutar», conta. A vida na academia nem sempre foi fácil para o guarda-redes e lidar com as emoções tornava-se complicado, por vezes. «A vida na academia, apesar de termos os nossos momentos a socializar, muda tudo. Vamos para a escola até às 17h, depois academia, a seguir treino das 18h30 às 20h, e, por fim, jantar, ficar ali um bocadinho a conviver e cama. Todos os dias assim. Sabemos o esforço que é e é difícil, mas estamos atrás de um sonho. Tive momentos menos bons que tentei não passar aos meus pais, e houve um momento em que desabafei e chorei com a minha irmã», revela.
O que o fez ficar em Lisboa e continuar na academia foi o sonho em ser jogador profissional. Nunca deixou de existir foco. «Eu queria sentir que tinha dado tudo. Sentir-me de consciência tranquila e a lutar pelo meu sonho», afirma.
Rui Patrício admite que não pediu desculpas a todas as pessoas que queria
Pai de duas crianças, um menino e uma menina. Pedro, de três anos, e Eva, de dois. «Ser pai mudou a maneira de ver tudo. Deixamos de dar importância a coisas que não tem mesmo importância nenhuma», diz.
O nascimento dos filhos é um assunto que o deixa de sorriso no rosto. «É uma emoção muito grande, mas depois tive a minha menina e as meninas para os pais é sempre especial. Não fiz o parto, mas quase», conta, entre gargalhadas.
Rui Patrício «apostou» as «fichas» todas no futebol. É a profissão que escolheu e se vê sempre a fazer. O melhor conselho que lhe deram foi ter «paciência» para tudo na vida, e admite que não pediu desculpas a todas as pessoas que queria. «Existe uma pessoa que tenho de falar com ela e beber um café com ela. Ninguém teve culpa, mas é uma pessoa que teve sempre próxima de mim. Uma pessoa que tenho de chamar e dar um abraço, é uma pessoa muito importante para mim», termina.
Texto: Carolina Sá Pereira; Fotos: Reprodução Redes Sociais
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