António Teixeira, de 65 anos, abriu o coração e falou sobre aquele que considera ser um dos episódios mais marcantes da sua vida. Em entrevista a Daniel Oliveira, para o programa «Alta Definição», da SIC, deste sábado, 11 de maio, o antigo inspetor-chefe da Polícia Judiciária e atual comentador do Programa da Cristina, recordou com saudade a figura da progenitora.
«Houve um facto que me marcou. Eu tinha vinte anos quando morreu a minha mãe. Senti-me órfão toda a minha vida. Foi como se de repente parasse tudo», começa por revelar.
A perda avassaladora da progenitora fez com que a palavra «casa» perdesse todo o sentido. António Teixeira refere que continuou a viver com o pai mas «o conforto do lar» nunca mais foi igual. «A casa deixou de ter significado. A casa, onde vivia eu e o meu pai, só fazia sentido com ela parecíamos uns náufragos. Faltava ali qualquer coisa. A mãe era casa», refere.
«O pai era uma figura do dinheiro […] para gerir a casa, mas a mãe… era ela que estava presente. A mãe é que perdura, por isso, é que fico sensível quando falo desses temos nos programas, sobretudo, de crianças afastadas dos pais. É uma questão muito sensível para mim. Ainda hoje quando falo da minha mãe me emociono», continua.
O apresentador Daniel Oliveira questionou porque razão o inspetor permanece com esse sentimento de «dor». A resposta foi inédita e arrepiante.
«Ela morreu com um carcinoma no estômago. Hoje em dia até é relativamente simples [de resolver] só que naquela altura não havia meios. Foi um processo exactamente lento, extremamente doloroso e eu assisti à morte», conta.
«Ao momento propriamente dito?». questiona Daniel Oliveira. «Sim», responde.
Após todo o sofrimento, foi a tia que substituiu a figura da mãe: «Era muito doce. Dos aspectos que mais apreciava .Depois da morte da minha mãe, houve a tia, como uma segunda mãe. Também já morreu e também me custou muito», frisa.
A relação de António Teixeira com Ana
Perdeu as duas mulheres mais importantes da sua vida, mas refere estar feliz ao lado da sua mulher, a «sua mais que tudo». «Tenho a minha mulher. Que se chama Ana. E quem tem uma Ana tem tudo A minha grande companhia. […] No inicio há a paixão mas a paixão é amor que arde sem se ver. Depois há o afecto, que é isso do companheirismo que transforma uma relação. Uma relação que já tem uns anos. Eu nunca sei. Ela sabe mas eu não», diz, entre risos.
«Vi mais dor na minha vida do que seria desejável»
António Teixeira foi inspetor da PJ durante vários anos. Anos difíceis, repletos de experiências trágicas para resolver. Em conversa confidencia ter visto «muita dor» do que aquela que «desejaria». Por isso mesmo tem uma «certa dificuldade em ir a um funeral. Não sei o que dizer às pessoas», confessa.
Ao longo da conversa, António Teixeira revela que «parar não é com ele» e quando se reformou decidiu arranjar uma ocupação. «Fiz voluntariado. Estava com miúdos autistas», conta.
Texto: Márcia Alves; Fotos: Reprodução Instagram
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