A morte trágica de Rui Lucas, o português, de 31 anos, que estava em lua-de-mel no Sri Lanka com a mulher, Sílvia Ramos, apanhou todos de surpresa.
A noticia de que o casal português estaria entre as vítimas do atentado terrorista de 21 de abril espalhou-se e o choque de saber que Rui era uma das vítimas mortais deu lugar ao silêncio. Nas ruas, nos cafés e nos clubes de futebol por onde Rui passou ao longo dos anos, as palavras são poucas.
A VIP esteve em Viseu e presenciou o ambiente de tristeza e pesar que por ali se viveu nos dias seguintes à confirmação da morte de Rui. Sobre a reação da família à notícia pouco se fala, apenas se diz que estes «preferem não ser incomodados».
«Um ser humano espetacular, disponível, alegre e com uma grande sentido de humor». É desta forma que Rui Lucas é recordado na freguesia onde vivia, em Repeses, Viseu.
Os sonhos por concretizar
Rui Manuel Cunha Lucas nasceu a 9 de março de 1988 e era licenciado em Engenharia Electrotécnica pelo Instituto Politécnico de Viseu. O jovem terá ali também iniciado o mestrado em Engenharia Electrotécnica mas, por não conseguir conciliar o lado profissional com os estudos, acabou por não o terminar, segundo nos contou um professor.
António Ferreira e António Ferrolho foram professores de Rui e recordam-no como «um aluno acima da média» e «com boas relações com os colegas». Apesar de referirem não terem percebido imediatamente que se tratava de Rui – uma vez que este apresentava algumas mudanças físicas em relação aos tempos de faculdade – estes professores lamentam a perda de um jovem tão acarinhado no seio escolar.
«Tinha muito sentido de humor»
O futebol era uma das paixões de Rui. Sport Viseu e Benfica, Associação de Solidariedade Social, Recreativa e Desportiva de Vila Chã de Sá, Associação Recreativa Cultura Sezurense e Clube de Futebol Os Repensenses – onde iniciou o seu percurso no mundo do futebol, com apenas 12 anos – foram alguns dos clubes por onde passou.
Aqui, os «colegas de bola» – como alguns se intitulam – destacam a alegria e boa disposição de Rui. «Ele era bom rapaz e muito alegre. Entrava sempre nas palhaçadas do balneário. Tinha muito sentido de humor», contou-nos Filipe. «Era uma pessoa amistosa, um bom colega de bola. Joguei dois anos com ele», afirmou Henrique.
Apesar de, nos últimos anos, entre 2015 e 2017, ter deixado de lado o futebol para se dedicar ao futsal, Rui não perdia uma oportunidade para dar uns toques na bola. O prometido era que, quando regressasse da lua-de-mel, iria participar num torneio. «Quando ele regressasse iam fazer um torneio de futebol. Disse para contarem com ele só para o final do mês», conta a mãe de um «colega de bola» de Rui.
«Quando soube que poderia ser ele, fiquei em pânico»
Rui Lucas trabalhava como Responsável de Automação, na empresa T&T Multieléctrica em Vouzela há cerca de sete anos. Na empresa, os colegas estão «sem palavras e preferem não falar», como nos conta o proprietário Augusto Teixeira.
O patrão de Rui carateriza-o como «uma pessoa excecional com quem mantinha uma grande amizade». Apanhado de surpresa com a notícia de que este estava no Sri Lanka, Augusto conta que foi um funcionário da empresa que o informou de que o jovem de Viseu era uma das vítimas.
«Eu não sabia para onde ele ia e, por isso, não tinha feito ligação nenhuma. Quando soube que poderia ser ele, fiquei em pânico. Tentei entrar em contacto mas o Rui não atendia», contou Augusto Teixeira, que presta serviços nas áreas da electricidade, energia solar e aquecimento central.
Rui e Sílvia namoravam há alguns anos e viviam em Repeses, «há pelo menos dois». A VIP sabe que a jovem é licenciada em Farmácia e que «dava catequese aos miúdos da escolinha».
O casal casou-se no dia 13 de abril, sábado, e tinha escolhido o Sri Lanka para primeiro destino de lua-de-mel, de onde partiria depois para as Maldivas, regressando a Portugal apenas no final do mês.
Texto: Marisa Simões; Fotos: João Manuel Ribeiro
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