Praticamente dois anos depois de ter levado, pela primeira vez, Portugal à vitória do Festival Eurovisão da Canção, com o tema Amar Pelos Dois, Salvador Sobral esteve à conversa com Fátima Lopes no programa da TVI A Tarde é Sua, desta terça-feira, dia 2 de abril.
A mais recente campanha da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Sinais do coração. Não deixe a viagem acabar cedo demais, cujo embaixador é o irmão de Luísa Sobral, foi um dos temas abordados.
O artista tornou público, detalhadamente, o episódio em que descobriu que sofria de insuficiência cardíaca, doença que o obrigou a submeter-se a um transplante de coração, em dezembro de 2017.
«Acordo e senti toda a manhã o coração muito acelerado. Pensei: ‘pode ser do vinho tinto de ontem’», recordou o cantor. «Andei o dia todo [assim], nunca mais passava… Ficava cansado, estava a ficar com falta de ar. Já para o fim da tarde, comecei a dizer que não me estava a sentir bem… e desmaiei. Acordei – pelos vistos foi logo a seguir, mas pareceu uma eternidade – e comecei a vomitar», prosseguiu.
Salvador Sobral dirigiu-se logo a um hospital público daquela cidade francesa. «Foi muito traumático. Eles não tinham camas, fiquei no corredor, e eu não sabia falar francês na altura, portanto, ninguém sabia explicar-me o que estava a acontecer.»
Valeu-lhe um médico: «Disse-me que achava que eu tinha um problema, que o meu coração era demasiado grande». Mas o cantor, que era até aí «um adolescente perfeitamente saudável», desvalorizou. «Pensava que era uma ressaca, que eles estavam a exagerar», lembrou a Fátima Lopes. E acrescentou: «Na altura, não fiz caso. Voltei para Barcelona», Espanha, onde vivia.
«Sentia-me culpado de não dizer nada aos meus pais»
Salvador Sobral não contou, por isso, aos seus pais o episódio por que passara naquela viagem. Em dezembro desse ano, quando veio passar o Natal a Portugal, acabou por confessar tudo.
«Sentia-me culpado de não dizer nada aos meus pais, mas também havia uma culpabilidade financeira, porque estava a dever dinheiro ao hospital de Toulouse, por ter ficado lá. Tinha uma divida enorme. [Pensei:] ‘Tenho de contar, porque tenho de pagar esta dívida ao hospital’.»
«Fomos logo diretamente ao Instituto do Coração», contou o vencedor de 2017 da Eurovisão. Depois de «mil exames», o diagnóstico chegou: displasia arritmogénica do ventrículo direito.
A evolução, fora do comum, da doença
A doença evoluiu rapidamente, algo fora de comum, e, com a vitória de Salvador Sobral no Festival da Canção, a viagem para a Ucrânia, onde se iria realizar a edição desse ano da Eurovisão, chegou a estar em risco.
Quem o confirma é o médico cardiologista Diogo Cavaco. «Pôs-se a questão de se devia ou não ir à Ucrânia, porque ia estar fora muito tempo e, se fosse necessário algum apoio num país em que não dominava a língua, em que não conhecemos o sistema de saúde, podia ser um bocadinho mais complicado», disse o clínico, também presente no programa da estação de Queluz de Baixo, referindo-se ao então estado de saúde do cantor como «insuficiência cardíaca terminal».
«Era uma situação de insuficiência cardíaca franca, em que, a qualquer altura, podia necessitar de algum cuidado de saúde mais especializado», recordou ainda o cardiologista. O corpo clínico que seguia o caso do cantor acabou por dar o aval, tendo decidido que um médico o acompanharia. Diogo Cavaco foi o escolhido.
O amor
Salvador Sobral escolheu ainda o talk show vespertino da TVI para prestar raras declarações sobre o casamento com a atriz belga Jenna Thiam, em dezembro do ano passado. «Casei-me dois anos depois de a conhecer. No mesmo dia», confidenciou.
«Foi uma festa de celebração com os amigos, na Fábrica do Braço de Prata. Tocámos música ao vivo. Na verdade, foi uma festa de celebração, não só de amor, mas de termos conseguido sobreviver e estar nesta nova vida. Foi uma celebração à vida e ao amor», completou.
Fátima Lopes quis ainda saber se faz parte dos planos de Salvador ter filhos. O cantor afirmou que «já com um ficaria muito feliz, mas que agora existem outras prioridades». E terminou com um paralelismo: «Três era um bom número. Eu e a minha irmã somos dois e houve tanta guerra que, se houvesse um terceiro, era, um bocadinho, o intermediário!»
Texto: Dúlio Silva; Fotos: Arquivo Impala
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