Cláudio Ramos foi homenageado no programa de Júlia Pinheiro na tarde desta quarta-feira, 27 de fevereiro, na SIC. A comemorar duas décadas de carreira televisiva, o vizinho de Cristina Ferreira falou abertamente sobre a má relação que sempre teve com o pai e recordou um episódio dramático que deixou marcas que ainda hoje perduram.
Júlia Pinheiro mostrou a Cláudio Ramos um objeto, um fio eléctrico. «Lembra-me a minha irmã Iara. Tem uma marca no corpo por causa disto», começa por dizer. «O meu pai era mau», explica recordando que a família, por viver numa situação de grande pobreza, não tinha electricidade em casa e que, para tomar banho, aqueciam água «numas panelas grandes».
«Metíamos umas resistências para aquecer. A minha irmã entornou a panela de água quente para cima de si, com água a ferver. E, em vez de pedir ajuda, porque ela sabia que a agua quente fazia falta, escondeu-se». A irmã do comunicador, criança na altura, sofreu as consequências da ira paterna. «O meu pai dobra o fio da varinha mágica e dá uma sova à minha irmã. Ela tem esta dobra marcada na perna», revela.
Cláudio, de 45 anos, tem sete irmãos e, apesar da infância marcada pela pobreza e pela violência paterna, garante que são uma família unida. O comentador do Passadeira Vermelha afirma que o pai «não nasceu para ser pai» e que, quando este morreu «foi uma sensação de alívio imensa».
Cláudio Ramos perdeu o pai, José Nascimento, a 1 de outubro de 2016, na sequência de um cancro no pulmão. O progenitor do comunicador da SIC nunca aceitou o facto de o filho ser homossexual o que, mesmo perto da morte, era motivo de divergência. «Eu tinha discutido com ele por causa da minha orientação sexual. Ele achava que era uma doença e que podia contaminar os meus irmãos. Ele tinha um carácter severo», afirma.
«Não tínhamos dinheiro para comprar pão»
Sobre a mãe, atualmente com 73 anos, Cláudio Ramos tece apenas elogios. «É absolutamente extraordinária. A minha mãe era uma menina rica, estudou nos melhores colégios. Ficou sem mãe, depois sem pai. Apaixonou-se e foi viver uma historia de amor que não foi bonita. Criou 8 filhos debaixo de momentos muito complicados», conta.
Apesar de afiançar que não olha para o passado «com mágoa» recorda as dificuldades financeiras que viveu desde tenra idade. «Não tínhamos dinheiro para comprar pão e a farinha era barata. A minha mãe fazia pão em casa e às 5 ou 6 da manha e íamos à padaria. Íamos buscar fiado porque, àquela hora, como não havia ninguém, podíamos levar fiado. Trazíamos 18 papos secos», conta.
A abundância nunca existiu em casa de Cláudio Ramos o que fez com que a mãe tivesse de se sacrificar para sustentar a família. Os meus pais investiram num negocio que não deu certo. O meu pai era mais das artes do que do trabalho. Das coisas que me custou mais da vida era que a minha mãe, depois dos 40, tinha de acordar às 4 da manhã para ir para o campo para nós comermos. E nós recebíamos no final da semana para comermos. Para a minha cabeça, fazia-me muita impressão», conta Cláudio Ramos.
Texto: Redação WIN – Conteúdos Digitais | Fotos: Arquivo Impala
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