Caso Zé do Pipo cada vez mais complexo
«Quanto mais fundo cavamos nesta história, parece que mais pormenores encontramos»

Nacional

O mistério que envolve o desaparecimento de Zé do Pipo está cada vez mais indecifrável. Luís Maia, o repórter d’O Programa da Cristina que investiga o caso, não consegue chegar a nenhuma conclusão.

Ter, 12/02/2019 - 15:37

Nuno Batista desapareceu no dia 5 de novembro e, desde então, o mistério ainda não foi resolvido.

Esta manhã, O Programa da Cristina voltou a abordar o tema explorado por Luís Maia e o repórter chegou a confidenciar que «quanto mais fundo cavamos nesta história, parece que mais pormenores encontramos».

De facto, tem sido assim, mas as novas informações vêm a conta-gotas.

Luís Maia dirigiu-se ao local onde o automóvel do cantor foi encontrado dois dias depois de ter sido dado o alerta do desaparecimento, perto de uma ravina, em Peniche, e falou com Mário, o homem que deu pela presença estranha do carro abandonado. Ao repórter, Mário começou por explicar que achou estranho ver ali a viatura abandonada durante várias horas.

«Pelo tempo que o carro estava ali. Eu, de dentro da minha casa, estava a ver ali o carro há muito tempo. Quando é alguém que para ali o carro e vai ao pontão não leva tanto tempo e eu estava a ver tempo demais», contextualiza, referindo que chegou a falar com a família de Zé do Pipo, para colaborar com a investigação.

 

«Foi a família da mulher [de Nuno Batista] que levou o carro»

Assim que percebeu o que se passava, Mário entrou em contacto com as autoridades. «Disseram-me que o rapaz tinha ido, na segunda-feira à tarde (dia 5 de novembro), fazer um depósito a Óbidos e nunca mais apareceu. E depois eu é que telefonei à polícia para a polícia tomar conta do assunto», explica, enquanto refere que a polícia nem sequer fez uma peritagem ao automóvel. «A polícia só ouviu o que o casal disse, o casal era da família da mulher. Primeiro foi a mulher que abriu o carro, é quando encontra carteira, o casaco e o telemóvel. Entretanto, chega um outro senhor e é que leva depois o carro. A polícia não levou o carro. Foi a família da mulher [de Nuno Batista] que levou o carro», sublinha.

Nesse instante, o repórter lança a emissão para estúdio e aproveita para dar conta das condições climatéricas do fatídico dia. «O mar vinha com muita força naquele dia», adiantou Luís Maia, socorrendo-se das afirmações do entrevistado, que testemunhou o cenário.

 

Contornos do caso baralha comentadores

Na Análise Criminal d’ O Programa da Cristina, transmitido nesta terça-feira, dia 12 de fevereiro, António Teixeira e Hernâni Carvalho comentaram os novos desenvolvimentos. Os dois são unânimes ao apontar falhas à investigação, referindo, inclusivamente, que há muitas respostas por apurar.

António Teixeira começa por justificar que, desde o início, pensou tratar-se de um caso típico de suicídio. «Eu defendi aqui que, provavelmente, tinha sido um suicídio, tendo em conta aquilo que sabíamos. Colocou-se a questão de ele ter ido para outro lado, mas ele precisava de carteira e dos documentos [que deixou no carro]», pensou, em voz alta, o antigo inspetor-chefe da Polícia Judiciária. O especialista tem até explicação para o facto de Nuno Batista ter andado à voltas pela zona. «Esteve a refletir. Ninguém toma de ânimo leve a decisão de acabar com a própria vida»

Por sua vez, Hernâni Carvalho critica o comportamento da polícia. «Para mim, o que é estranho é a polícia ter entregado o carro. Então? Não há uma peritagem ao carro? Quem é que me garante que dentro do carro não foi mexido por mais ninguém? Devia ter sido feita uma peritagem à carteira, ao telemóvel. Inclusivamente, o carro já foi vendido», realça o comentador.

«O Ministério Público ainda pediu à Polícia Judiciária a inspeção do veículo, só que, nesse momento, já tinha sido entregue à família. Depois anulou», intervém António, reforçando que a polícia devia ter «verificado as chamadas do telefone, em que zonas andou, verificar as contas e que tipo de depósito».

Hernâni levanta outras questões. «Não foi feita uma avaliação ao computador porquê? Podia ter sido avaliado rapidamente e depois se entregue para a família vender. Para a hipótese muito remota de ele ter fugido, havia de haver passos no computador que indicasse…», assegura o psicólogo. «O que é preocupante é que a vida da mulher fica em suspenso, a vida dos filhos fica em suspenso. O dinheiro é importante para as pessoas comerem, para as pessoas irem para a escola».

A verdade é que já passaram mais de três meses desde que Nuno Batista desapareceu. Para trás, o artista deixou Celeste e os dois filhos do casal, um adolescente de 16 anos e uma criança de três anos.

Texto: Tânia Cabral; Reprodução Instagram

 

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