Ana Antunes, decoradora do programa Querido Mudei a Casa, da TVI, viveu momentos de grande angústia no ano que terminou. Num longo e emotivo texto, que demorou «meses a escrever», Ana Antunes revela que sofre de doença rara que afeta apenas 23 pessoas em um milhão: a doença de Castleman.
«Este esteve para ser o último post de 2018, talvez um dos piores anos da minha vida. Mas demorou a escrever porque, quando passamos por experiências que nos marcam para a vida. Falar sobre elas é reviver cada momento, cada angustia e cada dor. Tudo outra vez…» começa por escrever a decoradora no post publicado esta segunda-feira, dia 4 de fevereiro, no blogue.
«Após regressar de umas férias onde tinha ficado com uma tosse que não melhorava, eu que nunca dou muita importância estas coisas de tosses e constipações, decidi sair do escritório ao final de um dia de trabalho e ir às urgências, em vez de ir para casa. Nas urgências onde fiz uma radiografia a médica de serviço achou que poderia ter um problema na tiroide e mandou-me fazer um TAC de urgência. O TAC acusou uma massa grande no mediastino (na zona do tórax imediatamente abaixo do pescoço) e o diagnóstico era ‘provavelmente um linfoma’, neste caso um linfoma que é sempre maligno ou seja, um cancro, e que estava localizado entre a veia cava e a traqueia, e que devido às dimensões estava já a pressionar a veia cava. Que é a veia principal que irriga o coração. Acho que não me lembro de nada do que aconteceu neste dia, porque a partir do momento em que ouvi a palavra cancro, entrei literalmente em modo anestesiada!» afirma.
«Mal tive tempo para processar tudo o que se estava a passar»
Tudo aconteceu num espaço de 15 dias. Quando Ana deu conta estava a ser operada a um linfoma que já aparecia em radiografias de 2013 e 2015 e que ninguém percebia como é que ela tinha sobrevivido tanto tempo.
«Tive a ‘divina’ sorte de ir parar às mãos de um extraordinário médico na CUF Descobertas que teve o cuidado de ir investigar os meus exames de anos anteriores e que percebeu em radiografias de 2013 e 2015, que este tumor já lá estava a desenvolver-se e na altura passou despercebido. Instalou-se a duvida de se seria um linfoma maligno ou não, mas que era um caso para ser operado com urgência, pois nem punha a hipótese de perder tempo com biopsias. Todo este processo foi tão rápido que mal tive tempo para processar tudo o que se estava a passar… O médico tentou sempre tranquilizar-me e dizia que se era algo que já cá estava há algum tempo, não poderia ser assim tão grave!… Quando dei por mim estava de operação marcada e exames feitos e a minha cabeça parecia um filme em fast forward!» revela.
A operação foi sucesso, mas Ana acordou sem voz: «Estava com uma das cordas vocais paralisada e sem voz».
«A operação correu bem…no entanto tendo em conta a localização e dimensão do do tumor ficou afetado o nervo recorrente que é o nosso nervo responsável por falar, respirar e comer e por isso acordei da operação com medo de ter um susto com o resultado do tumor mas afinal acordei com outro. Estava com uma das cordas vocais paralisada e sem voz» começa por revelar, acrescentando que «passa-nos tudo pela cabeça quando pensamos que podemos ter de deixar de fazer o que mais gostamos».
Após duas semanas da primeira operação a artista viu-se a repetir todo o processo, já que teve que ser operada para reparar o nervo que a impedia de falar.
«O diagnóstico do exame do tumor que foi retirado teve de ter analisado e voltado a analisar por patologistas que, ficaram muito confusos com o facto de efetivamente o tumor conter células linfocitas (cancro maligno), mas que tendo estado tanto tempo dentro de mim como é que eu ainda estava viva!!… Foi só ao fim de algum tempo que chegou o diagnóstico que para além destes efeitos colaterais da localização do tumor, tenho uma doença rara cuja estatística é de 23 pessoas diagnosticadas em um milhão, e que se chama doença de Castleman» recorda a cara da TVI.
«No fundo trata-se de um linfoma benigno»
A artista explica que apesar de todo o susto que viveu acabou por ter sorte. A doença podia ter afetado uma área do corpo que tornava tudo mais grave, poderia até ser um tumor inoperável.
«No fundo trata-se de um linfoma benigno que se pode desenvolver na região toráxica ou na região do abdómen e que, dependendo da sua localização, pode tornar-se mais grave ou menos grave, operável ou não operável. A forma localizada que consiste na formação de um nódulo linfático localizado e que regride sem sequelas após remoção cirúrgica, ou a forma multicêntrica que se espalha e necessita de quimioterapia. De todos os momentos angustiantes e dos sustos que passei nos últimos dois meses, felizmente que a minha foi a primeira.»
Antes e terminar o longo texto, Ana Antunes fala sobre as grandes lições que aprendeu durante todo o processo. «Nunca devemos ignorar os sintomas e os sinais que o nosso corpo nos dá» e «que a família e os amigos são o chão que nos sustém nestes momentos».
Texto: Redação WIN – Conteúdos Digitais; Fotos: Instagram
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