As operações de resgate duram desde então e já passaram por várias fases. «Trabalhamos sempre com a ideia de que o Julen está vivo», revela Bernardo Moltó, porta-voz da Guardia Civil espanhola.
«A esperança é a última a morrer», e prova disso é a história de Jessica McClure.
Com apenas 18 meses, «baby Jessica», como ficou conhecida, caiu num buraco no Texas, nos EUA, em outubro de 1987. Depois de 58 horas, a menina foi retirada do local com vida. As operações de resgate foram transmitidas em direto para todo o mundo.
Veja aqui o vídeo:
A queda da criança
Jessica estava a brincar com outras crianças num quintal da tia, com a supervisão da mãe, que na altura tinha 17 anos. O telefone de casa tocou e a progenitora entrou em casa para atender a chamada. Segundos depois foi alertada pelos gritos das crianças que diziam que Jessica tinha caído por um buraco, um poço com apenas 20 centímetros de diâmetro.
Quando chegaram ao local, as autoridades acreditavam que o resgate seria efetuado em pouco tempo. O que acabou por não se revelar. A constituição do terreno acabou por dificultar as operações. Jessica estava rodeada de pedras e não de terra, como inicialmente se pensou.
À superfície não se ouvia qualquer som e temia-se o pior. A escavação de um buraco paralelo veio a revelar-se essencial para o sucesso deste resgate. Quando ficou pronto e se começou a fazer a ponte para o primeiro, onde estava a bebé, ouviram-se gemidos. As equipas de socorro redobraram esforços.
58 horas depois da queda, o paramédico surge à superfície com Jessica ao colo, viva. Estava coberta de lama, desidratada e tinha uma infeção no pé, que a obrigou a ser submetida a 15 cirurgias e a perder um dos dedos devido à gangrena.
Herói nacional suicidou-se
O paramédico Robert O’Donnell tornou-se num herói nacional ao conseguir retirar a menina com vida. Com as proporções e o mediatismo que o caso alcançou, Robert terá ficado com stress pós-traumático. Em 1995, oito anos depois do resgate, o médico acabou por suicidar-se.
O The New York Times noticiou a morte do médico e afirma que o salto para a fama e o anonimato que voltou, num curto espaço de tempo, acabou por ser fatal.
«O mundo inteiro assistiu e ele foi, durante algum tempo, o centro, não apenas do seu pequeno universo, mas também do universo real e conhecido. Houve um desfile, inúmeras aparições na televisão, uma carta do presidente, um aperto de mão do vice-presidente e um filme feito para a televisão. Mas, as câmaras foram embora, a atenção do mundo mudou e ele ficou sozinho.»
«Foi o melhor momento da vida de Robert e a pior coisa que lhe aconteceu», afirmou a mãe, na altura ao The New York Times.
O’Donnell não foi o único que não soube lidar com a situação. Segundo a mesma publicação, outras pessoas que também ajudaram no resgate não souberam lidar com a exposição e acabaram por «cair» no alcoolismo, problemas com a lei e divórcios.
1 milhão de dólares para Jessica
As televisões acompanharam e transmitiram em direto o caso para todo o mundo. Comovidos com a história, várias pessoas começaram a doar dinheiro à família da bebé. Ao todo angariaram 1 milhão de dólares, aos quais Jessica teve acesso apenas quando completou 25 anos.
A família chegou a receber um telefonema do então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, e a visita no hospital do vice-presidente dos Estados Unidos na época, George H. W. Bush, e da respetiva mulher.
O filme do resgate
A história da «baby Jessica» permanece até aos dias de hoje. Em 1989 foi representada no filme «Everybody’s Baby: The Rescue de Jessica McClure», da ABC. O filme indiano «Malootty», de 1990, também foi baseado no incidente. As imagens do salvamento também foram utilizadas no videoclipe de Michael Jackson, «Man In The Mirror», e no filme «V de Vingança».
Atualmente, Jessica tem 32 anos e é professora assistente de educação especial numa escola primária, em Midland, Texas. É casada e tem dois filhos. Com o dinheiro que recebeu de doações, na altura do resgate, Jessica comprou a casa onde vive hoje em dia com a família.
Texto: Jéssica dos Santos – Conteúdos Digitais; Fotos: DR