Pêpê Rapazote revela infância rígida com «cinto e chibata»
«Fiz xixi na cama até aos 12 anos. Metia as minhas próprias fraldas»

Nacional

Pêpê Rapazote abre o livro da sua vida. Fala da infância difícil, da carreira em Los Angeles e do sofrimento por estar longe da família

Sáb, 12/01/2019 - 17:11

Pêpê Rapazote foi o último convidado de Daniel Oliveira. Em entrevista ao Alta Definição contou que teve uma infância rígida, especialmente por causa da educação que o pai lhe deu. «Se eu chegava a casa com notas de 19 valores, ele perguntava-me porque é que eu não tinha 20», desvenda. Uma das recordações que tem de quando era criança passa «pelo cinto e pela chibata». «Hoje, ele elogia-me por tudo e por nada. A besta foi domesticada!».

Na mesma entrevista dada à SIC, o ator revelou um problema que o afetou até ao início da adolescência. «Isto nunca contei, mas fiz xixi na cama até aos 12 anos e 9 meses. Metia as minhas próprias fraldas. Não havia das descartáveis, eram das turcas», recorda o artista, de 48, acrescentando que se sentia culpado «quando molhava o colchão».

Não controlar a bexiga deveu-se ao facto de sofrer de espinha bífida, uma malformação congénita.

«Matei periquitos do meu irmão porque peguei fogo na cozinha» 

O homem que se deu a conhecer na TV portuguesa e saltou depois para o pequeno ecrã norte-americano, onde integrou elencos de séries de sucesso como Narcos e Shameless, era um verdadeiro terror nos tempos livres. Foi, juntamente com dois irmãos, o melhor das turmas por onde passou. No entanto, nos tempos livres, não deixou nada a dever às tropelias.

«Peguei fogo à casa umas duas vezes e outras duas vezes à escola». Como? «Agarrava em caixas de fósforos e em papel e pronto! Matei periquitos do meu irmão porque peguei fogo na cozinha lá de casa. Gostava de fogo. Hoje em dia estaria preso», admite.

A aventura além fronteiras 

Rapazote estudou no Colégio Moderno, em Lisboa, e licenciou-se em Arquitetura na Universidade Técnica de Lisboa. A representação chegou através da Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, onde fez teatro amador. «Sempre tive um drama para encontrar a minha vocação. Os testes psicotécnicos diziam que podia ser o que eu quisesse, o que não ajudou nada», refere o artista.

Ser ator é, atualmente, o seu lado «selvagem e louco», o que o «leva aos extremos», e é isso que Pêpê quer para si. Por isso, aventurou-se no mundo da ficção além-fronteiras. «Os desafios já não estão em Portugal», explica, admitindo que quando pensou em tentar a sua sorte elegeu a cidade de Los Angeles, a meca do cinema, por ser o local «onde há mais oportunidades».

«Nós, cá, somos um relógio suíço: não se repete uma cena porque não há dinheiro. Lá fora é só assinar um cheque», exemplifica.

Pêpê Rapazote não esconde que «gostava do reconhecimento». Já receber um prémio seria apenas «simpático». «Eu sou sólido. Não me deixo iludir ou abater com facilidade», assegurou.

O casamento e as filhas 

As oportunidades que tenho tido fora de Portugal deixam-lhe pouco tempo para a família. Casado com Mafalda Vilhena desde 2003, é da mulher e das filhas que sente mais falta. «Falo com a Mafalda por Whatsapp como se ela estivesse a meu lado. Há muita solidão», lamenta, referindo-se à também atriz como a sua «cara metade».

O ator é pai de Júlia, de 13 anos, e Leonor, de nove. A distância é o que mais lhe custa. «Não me chega os Facetime e afins. Às vezes, elas não querem falar comigo porque vão sentir mais saudades. E eu compreendo. Mas é a parte que mais me custa».

Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: Impala 

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