Ana Leal
Fala sobre a psicóloga que afirma que homossexualidade é doença

Nacional

Ana Leal sobre Maria José Vilaça: «O que está aqui em causa é o interesse público, no sentido de denunciar aquilo que noutros países é um crime»

Sex, 11/01/2019 - 21:00

Menos de 24 horas depois da transmissão da reportagem sobre alegadas «terapias de reconversão de homossexuais», a jornalista Ana Leal fala, em exclusivo com a TV7 Dias, revelando ser «católica apostólica romana» e referindo qual foi a reação da Ordem dos Psicólogos Portugueses às queixas, resultantes da reportagem da TVI.

Maria José Vilaça, a psicóloga que surge na reportagem filmada com câmara oculta, é responsável por sessões de «aconselhamento espiritual» numa Igreja em Lisboa. Assumidamente católica, a fé desta psicóloga está intrinsecamente associada a estas alegadas terapias. Algo que a jornalista da TVI considera serem «práticas perfeitamente medievais».

«Eu sou católica apostólica romana, praticante. E, portanto, não acho razoável e acho inacreditável que muitas pessoas estejam a evocar o meu Deus, que é da Igreja Católica, para pactuar com esta práticas. O meu Deus é um Deus que acolhe toda a gente, inclusivamente homossexuais. Esse é o meu Deus, é o Deus de alguém que é praticante, que é o meu caso, que é o Deus do Papa Francisco», afirma.

«O que está aqui em causa é o interesse público»

Esta quinta-feira, 10 de janeiro, após a transmissão da reportagem seguiu-se um debate na TVI 24 onde Maria José Vilaça esteve presente… mas por pouco tempo. A psicóloga abandonou o estúdio da TVI logo após o arranque da conversa, algo que, para Ana Leal, só confirma o que é retratado na reportagem.

«Eu entendi aquilo como uma fuga para a frente e que não tem qualquer consistência com o que a senhora disse porque o país inteiro ouviu cerca de 33 minutos das sessões, em que ela disse o que disse», entende a jornalista da TVI.

Perante as ameaças de processo judicial da psicóloga, Ana Leal diz estar «de consciência tranquila».

«Isso resolve-se em tribunal. Eu não tenho a menor dúvida da obrigatoriedade em fazer aquela reportagem. O que está aqui em causa é o interesse público, no sentido de denunciar aquilo que noutros países é um crime. O que a senhora faz é criminoso», acrescenta.

Sobre o cruzamento entre a profissão e as suas crenças religiosas, Ana Leal refere não ter sido «uma reportagem fácil», no entanto necessária. «Eu acho que é o maior sinal de independência da minha parte. Eu sou, e volto a dizer, católica praticante. Portanto, do ponto de vista pessoal, estamos a falar de uma coisa que obviamente é muito profunda para mim. Foi uma decisão difícil, agora como jornalista não tenho a menor nenhuma de que tinha de o fazer», confessa.

Ordem dos Psicólogos Portugueses toma decisão

Já em 2016, a Ordem dos Psicólogos Portugueses tinha recebido queixas relativamente a declarações públicas de Maria José Vilaça sobre a homossexualidade.

Agora, depois da reportagem da TVI, a Ordem dos Psicólogos Portugueses vê-se obrigada a reagir.

Segundo Ana Leal, «a Ordem dos Psicólogos acabou de tomar a decisão, para o conselho jurisdicional, para ser julgado o caso».

Texto: Marisa Simões; Fotos: DR

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