Estreou-se em televisão na série Conta-me Como Foi, da RTP1, onde viveu Isabel, um personagem que ainda hoje lhe vale elogios na rua, apesar de agora viver a Matilde de Anjo Meu, na TVI. Rita Brütt – apelido que vem do trisavô materno alemão – assume-se como uma jovem independente, lutadora e nada deslumbrada com o mundo da fama.
VIP – Está a fazer a peça Sonho de uma Noite de Verão, que é das peças mais simples e infantis de Shakespeare. Tem 28 anos. Ainda lhe é fácil ser criança?
Rita Brütt – Para mim é muito fácil, sou muito menina, gosto imenso de brincar, de fazer parvoíces, de me rir. Acho que as pessoas não se devem levar demasiado a sério.
Decidiu ser actriz precisamente por isso? Para ser sempre um pouco criança?
Sim. Sempre pensei ser actriz… ou jornalista! Ser actriz é o melhor jogo de faz-de-conta do mundo. Eu escolhi ser actriz para poder brincar até mais tarde, para poder ser mais pessoas do que apenas eu.
Quando aceitou fazer o Conta-me estava longe de imaginar o sucesso que a série ia ter. Agora está a fazer Anjo Meu. Continua a ser tratada por Isabel ou já a conhecem como Matilde?
Nada supera a Isabel (risos). Quando começou a dar Anjo Meu as pessoas na rua vinham era falar-me do Conta-me. Isso deixa-me muito contente porque foi o projecto que me lançou. Aprendi imenso.
Agora está a gravar a novela e a fazer esta peça. Consegue ter tempo para si?
Eu sou muito feliz a trabalhar. Mas há coisas que deixo de fazer porque não tenho tempo. Deixo de ir ao ginásio, deixo de ver os meus pais – com quem eu já não vivo –, os meus irmãos. A família e os amigos saem prejudicados disto tudo, claro. Para mim isso é difícil porque eu sou muito pessoa-dependente. Adoro a minha família e somos todos muito unidos.
Assim sendo, para quando a sua própria família? Quer casar, ser mãe?
Já tenho a minha família. Já sou praticamente casada há muitos anos… Acho que essas coisas acontecem quando têm de acontecer.
Quando disse aos seus pais que queria ser actriz como é que eles reagiram?
Só assumi que queria ser actriz aos 17 anos, depois da secundária. A minha mãe reagiu bem, mas quando lhe disse que ia fazer teatro à noite, que não ia para a faculdade, ela disse-me: "Tudo bem, mas vais trabalhar de dia." Eu engoli em seco e fui. Foi a melhor coisa que me aconteceu.
O que é que fez?
Imensa coisa. Trabalhei em lojas de roupa, a inserir dados, fiz babysitting, fiz embrulhos no Natal. Fazia o que havia.
Portanto, foi obrigada a crescer e a ganhar responsabilidade?
Claro. Ter ido trabalhar cedo deu-me capacidade de pensar por mim própria, de tomar as minhas decisões e de não precisar de paizinhos na altura certa. Saí de casa aos 24 anos. Hoje sei que deve ser duro ser conhecida e trabalhar num café, mas se ficar sem emprego e precisar vou trabalhar num café.
Mudou muita coisa por ser conhecida?
Não. Sempre fui respondona, reclamo, falo com toda a gente e meto-me quando vejo miúdos à bulha. A diferença é que agora quando faço isso as pessoas pensam que o faço porque quero que reparem em mim. O que tento fazer é ter cuidado com o que faço, porque as pessoas esperam coisas de nós e sem o público não somos nada.
Não tem medo de um dia olhar para trás e ver que passou os melhores anos da sua vida a trabalhar?
Não, porque não vou fazer outra novela depois desta. Vou fazer teatro. Preciso parar para pensar; perceber o que aprendi para fazer coisas diferentes. Não quero estagnar.
Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Romão Correia; Maquilhagem e Cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L'Oréal Professionel
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