Rebeca impressionou o País ao revelar, através de Cristina Ferreira, que estava novamente a lutar contra o cancro. Desta vez, a situação é mais complicada e a cantora acarinhada por Portugal decidiu dar o seu testemunho.
Descobriu em setembro que a vida lhe estava novamente a pregar uma partida. Ainda assim, continuou a sua carreira lado a lado com a batalha de onde já tinha saído vencedora outrora.
Em entrevista ao site da revista VIP, Rebeca conta como tem passado os últimos meses e como tem sido a reação da família, amigos e fãs após saberem da doença.
VIP: Como é para a Rebeca, ao fim de oito anos, receber a notícia de que tinha cancro na mama?
Rebeca: É claro que é uma sensação horrível, muito difícil mesmo, dado que já tinha passado por um cancro na tiroide tão nova, agora aparecer oito anos depois, um novo, num sítio tão delicado para uma mulher, fiquei em pânico sem dúvida, sem saber o que dizer à família, sem saber o que seria de mim daqui para a frente…
Qual foi a sua primeira reação ao perceber que teria de passar novamente por todo o processo de tratamento?
Os tratamentos são totalmente diferentes. No caso do cancro na tiroide fiz uma tiroidectomia (cirurgia total da tiroide) e ficou resolvido, dado que o tumor estava encapsulado não sendo necessário fazer iodo radioativo. Desta vez, era um tumor mais agressivo, da mama, e dado a minha idade farei todos os tratamentos possíveis para prevenir – cirurgia, quimioterapia, radioterapia, hormonoterapia e terapia alvo – tudo o que tenho direito (risos).
Como decidiu contar ao mundo o que está a passar?
Tudo isto começou em setembro após a azáfama dos concertos de verão, mas só agora senti coragem e força para contar ao mundo o que se estava a passar comigo. Neste momento eu só quero poder ajudar, com o meu testemunho, as pessoas que estão a passar pelo mesmo. Quero mostrar a minha fúria de viver, quero mostrar que mesmo sem cabelo não deixamos de ser mulheres e não necessitamos de ter vergonha e fechar-nos em casa para ninguém ver.
Revelou a Cristina Ferreira que o seu filho foi um dos seus grandes portos de abrigo durante o cancro que teve na tiroide. Agora que ele tem 10 anos, continua a ser o seu ‘anjo da guarda’?
Acho que Deus tem tido muitas tarefas e tem-se esquecido de mim nos últimos tempos, por isso, o que me fortalece é o meu filho, é ele o meu Deus verdadeiro, aquele que vejo todos os dias a sorrir para mim, aquele que sinto, que apalpo. Hoje, com 10 anos, é um menino muito adulto que me protege ainda mais e eu a ele.
Depois de já ter superado um cancro, como lida com o futuro? Tem medo do que a vida lhe reserva?
Claro que tenho medo, iria mentir se dissesse o contrário, mas a vida não pode parar… eu luto sempre até ao fim.
Quais são as expectativas dos médicos que a acompanham? Dão-lhe força para lutar?
Os médicos estão a fazer de tudo para que fique curada.
Como foi a reação da família ao saber desta nova batalha?
Foi muito doloroso para os meus pais, para a minha irmã, marido e filho. Ninguém estava à espera de uma notícia destas. Parece que todos tivemos um sonho mau e que iríamos acordar no dia seguinte.
O que é que a faz ter força?
O meu filho, sem qualquer dúvida.
A celebrar 20 anos de carreira, de que forma a doença veio afetar a sua vida profissional?
É claro que afeta sempre um pouco pois já não canto desde setembro, mas não falhei a nenhum compromisso. Aliás fiz os últimos quatro concertos antes da cirurgia e já a saber que tinha cancro na mama e ninguém percebeu rigorosamente nada. É o meu trabalho e faço sempre o melhor possível e com toda a dignidade que o público merece.
Que projetos tem nas mãos neste momento?
Dia 16 fevereiro sairá o novo trabalho para celebrar 20 anos de carreira. Estou muito ansiosa por subir ao palco e começar a tournée 2018 que ja está muito preenchida.
De que forma o cancro muda a maneira como age ou pensa?
A minha vida mudou totalmente, a maneira de ser, de pensar. Vejo o mundo de outra forma. Dou valor a pequenas coisas, quando acordo olho para a janela e penso ‘que sorte eu tenho de ter uma casa, uma carreira, uma familia tão linda, tantos fãs que me apoiam, que mais posso eu querer? Saúde? Mesmo assim prefiro ter eu falta dela do que a falta de saúde do meu filho’.
O facto de lhe ter sido diagnosticado cancro pela segunda fez, há alguma coisa que costumasse fazer da qual tivesse de abdicar?
Não. Sempre fiz a minha vida normal. Só na altura da quimioterapia tive de ter alguns cuidados mais apertados.
38 anos repletos de sucessos, o que é que ainda há por fazer?
Na minha cabeça há ainda muito por fazer, ainda quero gravar muitos discos e quem sabe abrir uma loja de roupa e acessórios, um dos sonhos que ainda não realizei.
A vida deu-lhe duas grandes «provas de fogo». Quando se recebe esta notícia pela segunda vez, o que é que não se pode deixar por fazer?
Lutar pela vida…viver, viver, viver.
Se tivesse de dar uma mensagem a todas as pessoas que lutam contra esta doença, o que dizia?
Tenham força, tenham fé naquilo que quiserem, mas tenham. Cabeça erguida com ou sem cabelo não interessa…!
Quando teve o primeiro cancro, a Rebeca revelou que foram várias as pessoas do meio artístico que a apoiaram e deram força. Desta vez já sentiu esse carinho da parte dos seus colegas?
Sim, tenho recebido muitas mensagens e telefonemas de colegas que nem sei como agradecer tanto carinho. Ao longo destes 20 anos nunca tive um inimigo neste meio, e agora tenho a prova. Em Portugal os cantores também são unidos.
Além da sua família, que outras pessoas souberam da notícia antes de Cristina Ferreira? Houve alguém que a tenha surpreendido após a notícia?
Antes da Cristina Ferreira ninguém soube só mesmo a familia chegada e alguns amigos. Após a notícia tenho tido uma energia muito positivia do país inteiro, não estava à espera de tanto carinho. Fico muito grata.
Acha que o facto de ter escolhido a revista Cristina para partilhar a notícia pode servir como exemplo de mensagem de que o cancro pode afetar qualquer pessoa?
Era esse o objetivo. Quero mostrar às pessoas que por ser figura pública também pode acontecer. Somos humanos, sejamos bonitos, feios, gordos ou magros, somos todos iguais.
Sendo uma figura pública, tinha noção do impacto que esta notícia poderia provocar na opinião pública?
Eu sabia que iria ter algum impacto, mas tanto, nunca imaginei.
Como tem sido a reação dos seus fãs?
Eles têm-me dado tanto mimo, mas tanto, de toda a parte do pais e estrangeiro que acho que me estou a habituar mal (risos) Obrigada!
Na produção que fez para Cristina Ferreira optou assumir o facto de não ter cabelo. Esta foi uma forma de se libertar e aceitar a doença?
Sim, o que me custou mais foi a perda do cabelo, pois era a minha imagem de marca. Nos primeiros meses olhar-me ao espelho era muito difícil, cheguei até a esconder-me do meu marido com vergonha. Optei por comprar uma cabeleira de cabelo humano e usá-la. Quando fiz entrevista com a Cristina Ferreira senti-me tão à vontade com ela, como se tivesse no meu quarto, e decidi assumir a careca. Acreditem, foi um alívio.
O futuro é…?
O começo de uma nova vida.
Aos 38 anos e com duas «provas de fogo» inesperadas, os sonhos ganham uma nova vida, ou tem-se medo de sonhar?
Sonhar faz parte das nossas vidas e eu quero continuar a fazê-lo sem qualquer dúvida. Sonhar é viver…
Entrevista: André da Silva Carvalho; Fotos: Reprodução Instagram e Arquivo Impala
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