Depois de O Cromossoma do Amor, Bibá Pitta lançou o segundo livro, Não Faz Diferença Nenhuma, pela mão de Inês de Barros Baptista. Junto da filha Madalena, de 15 anos, revela o que a move e o segredo de uma vida cheia, marcada pela gratidão e pelo otimismo. Casada há 16 anos com o cirurgião Fernando Gouveia, conta ainda como gere uma família de sete elementos, já que é também mãe de Maria, tomás, Salvador e Dinis.
VIP – O que motivou este livro?
Bibá Pitta – A ideia é partilhar 12 histórias de pessoas com quem me cruzei em vários momentos da minha vida. São contadas em primeira mão e depois abraço com o meu testemunho cada história. Acho esta partilha magnífica. Muita gente não sabe o que é este lado da vida porque é realmente um lado diferente. Às vezes, o julgamento precoce faz com que não nos cruzemos com pessoas maravilhosas só porque não tentamos, porque rotulamos tudo.
A Madalena não faz diferença nenhuma ou, pelo contrário, faz toda a diferença?
A Madalena só faz diferença na medida em que é protagonista deste caminho. De resto, é um ser humano como todos nós. A minha filosofia de vida é amarmos as pessoas como elas são e não aquilo que poderiam ser ou aquilo que gostaríamos que fossem, e a Madalena tem-se revelado uma menina incrível, com toda a vontade de viver, de aprender. Consegue surpreender todos com a sua força, sendo que é diferente, com certeza.
Ela tem noção da sua diferença?
Tem, nós nunca escondemos. Acho que é muito importante, até para defesa dela, não posso enganá-la. Mas ela tem de perceber que por ser diferente não significa que não seja uma grande menina e uma grande mulher, porque tenho a certeza absoluta que vai ser.
Mas não fica receosa quando pensa no futuro, na escola, na sexualidade?
Nas fases da vida, no fundo! Eu não projeto muito a vida porque não sei se estarei cá amanhã. O que tento, todos os dias, é transmitir aos meus filhos os valores que acho que devem ter e ajudá los a traçar o caminho que querem. Mas depois a liberdade é deles. Com a Madalena, é lógico que estarei de braço dado até ao fim. Quando eu morrer, não sei…
E prepara terreno para os seus outros filhos serem o braço dela no futuro?
Acho que uma mãe não deve estar uma vida inteira, porque tem uma filha diferente, a avisar os irmãos que terão de tomar conta dela. Isso devia ser inerente, acho que vai fazer parte deles. Agora, a casa onde ela vive comigo vai ser a casa dela sempre e isso é um descanso para mim. E espero que os irmãos sejam muito amigos dela.
Ainda consegue convencê-los a virem todos para o Algarve?
É muito giro ver que eles ainda vêm de bom grado, não vêm obrigados. Acho que é uma coisa de tradição; eu venho desde miúda para a Quinta da Balaia e, agora, eles vêm para o Ancão. Estou cá eu, o meu irmão, os nossos pais, os nossos filhos e, qualquer dia, estarão cá os nosso netos.
Já se imagina avó?
Completamente! Ter cá os meus netos e dizer aos meus filhos: “Aproveitem, eu tomo conta deles.” Vejo-me, francamente, a ajudá-los. Mas como tive cinco filhos, também me vejo a viajar, a desfrutar de mais tempo com o meu marido, porque nos dedicámos por completo aos nossos filhos.
Tenta passar tempo com o seu marido?
Sim, é fundamental. Lembro-me dos meus filhos serem pequeninos, estar muito cansada, mas arranjava sempre um bocadinho para irmos jantar fora ao fim de semana. Esse bocadinho é importantíssimo. Numa família com sete pessoas é muito difícil conversar. Temos de estar a dois, até porque ele trabalha muito. É um pai muito querido, mas é cirurgião, trabalha muitas horas. Também precisa da sua privacidade e do seu descanso mental e funcionamos muito bem assim. Ele sempre me respeitou, embora eu seja muito mais extrovertida, irrequieta… O Fernando é muito mais recatado, mas não deixa de estar ao meu lado e eu faço o que for preciso para o agradar. Este equilíbrio é muito importante. Estamos neste caminho da vida os dois e vamos estar até ao fim.
Como é que ele reagiu a este novo projeto?
Ele não sabia o que ia ler, mas gostou muito. É o meu maior crítico, ajuda-me muito. Eu brinco muito a dizer que ele me traz à terra e eu levo-o ao céu.
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Helena Morais
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